Título: Fórum elege a pobreza problema número 1
Autor: Rolf Kuntz
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2005, Economia, p. B3

O combate à pobreza foi eleito a prioridade número um, com 64,4% dos votos, numa consulta a 700 participantes do Fórum Econômico Mundial. Em segundo lugar ficou a globalização eqüitativa, com 54,9% dos votos (cada participante pôde escolher mais de um item). O Fórum de Davos continua competindo com o Fórum Social de Porto Alegre, pelo menos na escolha dos assuntos politicamente corretos. Reduzir a pobreza reduzirá o terrorismo e a instabilidade, segundo um dos argumentos apresentados pelos envolvidos no encontro. Ainda ontem, o presidente francês, Jacques Chirac, tratou extensamente do assunto num discurso transmitido especialmente para o Fórum. Executivos, empresários, políticos, profissionais de vários setores e representantes de organizações civis responderam à consulta. Os 700 participantes foram convidados a selecionar 6 prioridades políticas a partir de 12 temas propostos. O combate à pobreza envolverá três desafios: 1) o mundo rico deverá financiar a infra-estrutura e facilitar o acesso aos mercados; 2) os países pobres deverão promover transparência no governo, educação, eqüidade de gêneros e assistência à saúde; 3) o "ingrediente chave para os países pobres" deve ser a disposição de ajudar a si mesmos.

Promover o comércio mais justo e criar instituições globais melhores e mais representativas são algumas das condições apontadas para a globalização mais eqüitativa.

A mudança climática foi indicada como terceiro assunto mais importante, com 51,2% dos votos. Tecnologia, regulação, incentivos de mercado, consumo responsável e pressão sobre os líderes globais foram medidas indicadas como condições para a solução do problema. Ontem à tarde, numa sessão especial, o primeiro-ministro britânico Tony Blair defendeu uma ação internacional contra a mudança climática. O governo dos Estados Unidos recusou-se a ratificar o Protocolo de Kyoto, que trata do assunto.

Os três últimos itens foram apontados com votos quase iguais: educação (43,9%), Oriente Médio (43,7%) e governança global (43,2%). Governança global foi entendida não como governo mundial, mas como uma estrutura que facilite decisões multilaterais e permita respostas mais eficientes tanto a crises quanto a oportunidades.

A lista original de temas incluía China, Europa, economia global, Islã, liderança americana, armas de destruição em massa, comércio internacional e saúde/aids. A maior votação, nesse grupo, foi para armas de destruição em massa (37,7%), o pretexto usado por George W. Bush para a invasão do Iraque. China, um tema destacado na maior parte das discussões sobre economia internacional, ficou com apenas 15,3%.