Título: Juro e câmbio estragam a festa
Autor: José Ramos
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2005, Economia, p. B5

O ânimo dos empresários poderia estar ainda mais forte se a economia não estivesse sob os efeitos de uma política monetária e fiscal restritiva, com alta dos juros e aumento da carga tributária. "Há uma preocupação muito grande com os altos juros e o baixo câmbio. Isso desestimula as exportações e estimula as importações, o que reduz as possibilidades de crescimento do País", afirma o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.

As projeções da entidade são de que o saldo comercial (exportações menos importações) este ano não deverá superar US$ 20 bilhões. Em 2004, o saldo atingiu US$ 33,7 bilhões e impulsionou o crescimento da economia. Nesse cenário, o mercado doméstico deveria ganhar peso.

Mas os elevadíssimos spreads bancários (diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que eles cobram para emprestar) e taxas de juros do crédito no País causam graves distorções para a economia.

"A principal delas é a enorme exclusão que ensejam no acesso ao crédito por parte de empresas de menor porte e famílias de baixo poder aquisitivo", diz o diretor executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida.

Na opinião de Almeida, as restrições da política econômica já se refletiram no índice de confiança do empresariado. "Os empresários acham que a economia vai continuar crescendo, apesar dos juros altos e da carga tributária maior. Mas há sinais de que a confiança já não cresce no mesmo ritmo do segundo semestre de 2004."

Para o presidente da Fiesp, o governo não tem motivos para segurar o crescimento do País. "Boa parte da inflação é provocada pelos preços administrados pelo próprio governo. Então, o aumento dos juros não resolve nada. A verdadeira causa são os gastos excessivos do governo e o que precisa é do ajuste fiscal", diz Skaf.