Título: CNI vê ânimo da indústria em alta Nível de confiança dos empresários ouvidos pela entidade atinge 64,9 pontos, o mais elevado desde outubro de 2002
Autor: José Ramos
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2005, Economia, p. B5

Empresários e executivos da indústria mantêm o ânimo em relação ao futuro da economia. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), atingiu 64,9 pontos em janeiro, o mais alto desde a crise de confiança que atingiu o País em outubro de 2002. Naquele momento, as incertezas sobre as eleições presidenciais baixaram o índice ao nível pessimista de 49,5 pontos. Em outubro passado, o porcentual era de 63,8 pontos. Os empresários da indústria também estão otimistas em relação ao desempenho da economia nos próximos seis meses. O grau de confiança, nesse caso, passou de 66,4 pontos em outubro para 67,9 neste mês. O índice de confiança do empresariado da CNI varia de 0 a 100 e a partir de 50 é otimista. A pesquisa foi realizada com 199 grandes empresas e 1.214 pequenas e médias, dos dias 4 a 25 de janeiro, ou seja, incluiu o último aumento da Selic, na semana passada.

O aumento nominal de 1,1 ponto porcentual no Icei deste mês não é suficiente, do ponto de vista estatístico, para ser considerado um aumento da confiança, segundo o coordenador de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, responsável pelo levantamento. Mas representa um crescimento em relação a janeiro de 2004 (62,4 pontos), janeiro de 2003 (58,9 pontos) e outubro de 2002 (49,5 pontos).

"A confiança permanece estável, em patamar elevado", afirmou Castelo Branco. A estabilidade só foi mantida graças ao crescimento da confiança dos pequenos e médios empresários, que compensou uma queda no otimismo das grandes empresas. Enquanto o índice de confiança dos pequenos e médios empresários subiu de 61,4 em outubro para 64,1 em janeiro, o dos grandes empresários caiu de 68,4 para 66,4. Mas os grandes ainda continuam mais otimistas que os pequenos.

A CNI suspeita que essa redução no índice dos grandes empresários foi causada pelo aumento contínuo dos juros. Mas Castelo Branco informa que só haverá uma avaliação mais precisa na próxima semana, quando será divulgada a Sondagem, uma pesquisa mais detalhada. No último levantamento, já se percebia uma certa cautela em relação a 2005. Mas naquele momento os juros foram citados como o quarto maior entrave à expansão da indústria. À sua frente estavam a carga tributária elevada, o alto custo das matérias-primas e a competição acirrada.

Já o maior otimismo das pequenas e médias indústrias é atribuído ao fato de que só agora os efeitos do reaquecimento econômico chegam com mais força a esse segmento. Inicialmente o crescimento beneficiou principalmente os setores exportadores, dominados pelas grandes empresas, e só agora se espalha pela economia doméstica.