Título: Ponte cai, mata 1 e pára a Régis
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2005, Metrópole, p. C1

A cabeceira e parte da estrutura de uma ponte de 275 metros de extensão desmoronaram por causa das chuvas, às 23 horas de anteontem, no km 42 da Rodovia Régis Bittencourt, a BR-116, em Campina Grande, no Estado do Paraná, a 48 quilômetros de Curitiba. Um caminhão caiu na Represa Capivari-Cachoeira, e o motorista Zonardi José do Nascimento, de 60 anos, morreu. O corpo foi resgatado na tarde de ontem. Outro caminhão ficou dependurado na borda da vala, mas seus ocupantes, o motorista, a mulher e um filho, conseguiram se salvar.

O tráfego entre Curitiba e São Paulo ficou totalmente interrompido até as 10h30 de ontem, quando foi remanejado, através de um desvio, para a pista São Paulo-Curitiba. Às 18 horas de ontem, o local continuava bastante congestionado com mais de 20 quilômetros de fila de um lado e de outro da ponte. De acordo com o engenheiro Ronaldo de Almeida Jares, do Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transportes (Dnit), a reconstrução da ponte e a recomposição da cabeceira deverão demorar seis meses. Segundo ele, será necessário avaliar as condições do restante da estrutura. A sustentação da outra ponte também terá de ser reforçada por causa da extensão da área de terra atingida pela erosão.

A ponte afetada foi construída em 1982 com o leito velho da rodovia. Com a duplicação, continuou sendo utilizada na pista Curitiba-São Paulo. Segundo Jares, a estrutura foi recuperada no fim de 1999 e, em 2000, a ponte foi reinaugurada. A queda ocorreu, segundo ele, em razão de um grande desabamento de terra do canteiro central. "Milhares de toneladas de terra atingiram as pilastras, que não agüentaram."

De acordo com o Dnit, estão sendo estudadas alternativas para melhorar a fluidez do trânsito no local. Às 19 horas, a Polícia Rodoviária Federal ainda não tinha conseguido remover o caminhão que caíra na represa. Cerca de 30 mil veículos (15 mil em cada sentido) utilizam o trecho diariamente. Conforme o Hospital Angelina Caron, o motorista do caminhão que ficou pendurado na ponte, Eduardo Egídio de Oliveira Santos, de 39 anos, e seu filho Henrique, de 4, sofreram fraturas nas costas e nas pernas e passam bem. Solange Fátima Kazakoski, de 39, sofreu fratura na bacia e foi operada. A família passa bem.

VERBA

O Ministério dos Transportes vai destinar cerca de R$ 2 milhões para a recuperação da ponte, que, de acordo com o coordenador do Dnit no Paraná, engenheiro Rosalvo Gizzi, começará imediatamente. O engenheiro explicou que o rompimento do aterro por causa das chuvas deixou sem sustentação o pilar de uma extremidade da ponte, danificando cerca de 70 metros da laje da ponte.

Motoristas e passageiros de veículos reclamaram do atraso na viagem. Juarez Canali, que seguia do Rio de Janeiro para Caxias do Sul com uma carga de cereais, estava atrasado 18 horas. Sérgio Bagoso, que ia para Porto Alegre procedente de Belo Horizonte, soube da interdição da rodovia quando estava em São Paulo e aproveitou para ir para a casa de parentes. Mesmo assim, levou quase quatro horas para atravessar a ponte.