Título: Dirceu fará propostas de investimento em Davos
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2005, Nacional, p. A7

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, vai "vender" em Davos, na Suíça, o guia brasileiro de investimentos em infra-estrutura e a carteira de projetos das parcerias público-privadas. Quase um ano depois de ter seu nome envolvido no caso Waldomiro Diniz - o assessor da Casa Civil flagrado pedindo propina a um empresário do jogo do bicho -, Dirceu foi reabilitado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o escalou para integrar a comitiva rumo ao Fórum Econômico Mundial, no fim deste mês. Sua estréia no mundo dos homens engravatados de Davos é um sinal evidente do prestígio reconquistado dentro do governo. Ao lado de Lula, dos ministros Antonio Palocci (Fazenda), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, Dirceu fará palestra sobre perspectivas das obras de infra-estrutura no Encontro com Altos Investidores. Promovida pelo governo brasileiro, no próximo dia 29, a reunião será paralela ao Fórum Econômico.

Em linhas gerais, Dirceu dirá que o País está tomando todas as medidas para estimular os investimentos em rodovias, portos, aeroportos e energia - uma das prioridades do governo para este ano. Vai mencionar o "empenho" do governo para construir marcos regulatórios que dêem segurança jurídica aos investidores e a importância do rigor fiscal. Falará, ainda, sobre a Lei de Inovação Tecnológica, já aprovada. O detalhamento da política industrial ficará com Furlan.

Apesar das divergências públicas com Palocci, principalmente em relação aos juros, Dirceu está convencido de que é preciso defender o projeto econômico em curso "porque o Brasil retomou a trajetória de crescimento, melhorou as contas públicas e reduziu a vulnerabilidade externa". O ministro tem insistido, no entanto, em que o País não pode se debruçar apenas sobre a política monetária e fiscal, já que é preciso transformar crescimento em desenvolvimento.

DESAFIO

Dirceu compartilha da visão do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP): é preciso criar rapidamente um ambiente para que as taxas de juros possam cair, ajudando a manter um "câmbio de equilíbrio" e a competitividade das exportações.

"Nosso maior desafio, agora, é o investimento em infra-estrutura e vamos melhorar o ambiente de negócios", costuma dizer o chefe da Casa Civil. Por melhorar o ambiente de negócios entende-se, por exemplo, avançar nas reformas tributária e do Judiciário, estabelecendo prazos para solução de conflitos.

Em dobradinha com Palocci, Dirceu vai afirmar que o governo está convicto de que trilha o caminho certo mantendo o rigor fiscal, o câmbio flutuante e o regime de metas de inflação. Mais: "venderá" o programa de investimentos públicos e privados - as chamadas PPPs - em siderurgia, petroquímica, papel e celulose e em diferentes setores estratégicos.

Na prática, Dirceu repetirá o que tem dito para platéias brasileiras: que existe uma reorganização acionária nesses setores porque o Brasil precisa, nos próximos anos, de muitas empresas de porte internacional. E o governo quer não só consolidar como ampliar mercados.

A pedido de Lula, o ministro também falará sobre a importância do biodiesel e dirá que o Brasil pode ser "o grande abastecedor do mundo".