Título: Documento prevê colapso no serviço de fiscalização
Autor: Leonel Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2005, Nacional, p. A8

A fiscalização ambiental pode entrar em colapso com o atraso nos pagamentos de produtos e serviços contratados pelo Ibama. O alerta foi feito há uma semana em documento do departamento financeiro enviado à direção do órgão. Sem dinheiro, o Ibama deixou de pagar R$ 23,5 milhões para fornecedores de energia elétrica, telefonia, combustíveis, vigilância e até material de limpeza. Ao todo o Ibama deixou de pagar R$ 38 milhões de contas vencidas em 2004. Segundo a Associação dos Funcionários, a direção do instituto foi ameaçada pela Embratel e pela Empresa de Correios e Telégrafos de corte na prestação dos serviços, inclusive para a sede, em Brasília. O Ibama deve cerca de R$ 450 mil em contas de telefone e outros R$ 125 mil em serviços prestados pelos Correios. Há mais de 90 dias, não paga pelos serviços da Imprensa Nacional, que publica editais do órgão no Diário Oficial.

A gerência do Ibama em Mato Grosso enviou carta anteontem à direção do instituto avisando que empresários contratados tinham decidido suspender o fornecimento de produtos por causa do atraso de 4 meses nos pagamentos. Fornecedores de combustíveis contratados em Minas, Tocantins e Goiás ameaçam entrar na Justiça para receber contas atrasadas.

"O governo está promovendo o sucateamento do Ibama. O órgão está desmoralizado no mercado porque não paga aos fornecedores", denuncia o presidente da Associação dos Funcionários, Jonas Corrêa.

O ministro interino do Meio Ambiente, Cláudio Langone, admite as dificuldades - já que o montante de dinheiro que o Ibama deixou de pagar em 2004 é maior do que o registrado em 2003, que foi de R$ 24 milhões -, mas diz que a previsão de colapso é exagerada. "Não há risco de paralisação." O diretor de Administração e Finanças do Ibama, Edmundo Taveira, disse que o instituto vai receber recursos para quitar as dívidas mais urgentes. "Vamos administrando."