Título: Odebrecht retira seus funcionários do Iraque
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2005, Internacional, p. A15

O grupo islâmico Ansar al-Sunna anunciou ontem, numa nota enviada a um site islâmico da internet, ter capturado e matado um britânico e um sueco na cidade iraquiana de Beiji, na quarta-feira. Embora o comunicado não fizesse nenhuma referência a tomada de reféns, o incidente aparentemente é o mesmo no qual um brasileiro - um engenheiro que trabalha para a Construtora Norberto Odebrecht - desapareceu. Inicialmente, testemunhas relataram que homens armados tinham emboscado um carro em Beiji, 250 quilômetros ao norte de Bagdá, matado um segurança britânico e o motorista iraquiano e seqüestrado um brasileiro. A Odebrecht, que ontem manteve a decisão de não revelar o nome do funcionário desaparecido até que o caso esteja solucionado, anunciou a retirada de seus demais empregados do Iraque. De acordo com Glaibor Faria, chefe da operação da empresa no Iraque, os funcionários da Odebrecht serão levados para Amã, capital da Jordânia, provisoriamente, até que se tenha condições de rever o processo.

A empresa tem de cinco a seis funcionários no Iraque - a Odebrecht não confirma o número exato -, e apenas Faria deve ficar no país. Ele disse que não há informações sobre o brasileiro, acrescentando que os possíveis seqüestradores ainda não estabeleceram nenhum contato. Antes do anúncio do Ansar al-Sunna, Faria tinha dito que "tudo indicava" que o funcionário havia sido seqüestrado por criminosos comuns.

Os funcionários da Odebrecht estavam no Iraque trabalhando na reconstrução de uma usina termelétrica em Beiji - cidade que abriga uma das maiores refinarias de petróleo do país.

"Um brasileiro é considerado desaparecido. A polícia iraquiana está investigando", afirmou um porta-voz do Exército americano no Iraque, acrescentando que não havia confirmação sobre o seqüestro do cidadão brasileiro. Inicialmente, a polícia iraquiana recebeu a informação de que um cidadão japonês tinha sido capturado na área, antes da confirmação de que se tratava de um brasileiro. A confusão gerou especulações de que o seqüestrado poderia ser nissei ou sansei. Também circularam ontem rumores de que o engenheiro vivia no Rio. A Odebrecht negou-se a confirmar ou desmentir as informações.

O grupo Ansar al-Sunna (Defensores das Tradições) anunciou sua existência em setembro de 2003. Os EUA o consideram uma dissidência do Ansar al-Islam, ao qual atribuem vínculos com a Al-Qaeda. O grupo foi o autor do atentado contra partidos curdos de Irbil, em fevereiro de 2004, no qual morreram 117 pessoas. Em dezembro, o grupo atacou o refeitório de uma base americana em Mossul, matando 21 pessoas - incluindo 18 americanos.