Título: Rede cresce 1,6 mil km por ano
Autor: Kelly Lima
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2005, Economia, p. B6

O sistema brasileiro de transmissão de energia elétrica cresceu 22.590 quilômetros (km) nos últimos 14 anos - uma média de 1.613 km por ano. Até 2006, outros 3.425 km reforçarão a rede nacional, de cerca de 80 mil km, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Mas, apesar de um sistema mais robusto, a rede básica nacional ainda precisa de muito mais. As obras concluídas nos últimos anos apenas recuperaram a carência de investimento do passado. "Temos um sistema complexo por causa da extensão territorial. Evoluímos bastante nos últimos anos. Mas, com o bom desempenho da economia brasileira, não podemos parar de investir", salientou o coordenador do sistema de transmissão de energia elétrica da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Edson Carneiro.

Além dos dois leilões realizados no ano passado, a Aneel vai realizar mais uma importante licitação neste ano, reforçando áreas estratégicas para o País. Entre os trechos mais atraentes, segundo a iniciativa privada, está a Interligação Norte-Sul III, com 1.558 km de extensão, do Pará ao Estado de Minas Gerais. Essa linha ampliará a capacidade de transmissão entre as regiões, especialmente depois da conclusão da ampliação da Usina de Tucuruí.

Outros lotes também devem dar maior confiabilidade ao sistema e criar caminhos alternativos para o fornecimento de energia. Desta forma, quando há um problema em alguma linha, a região pode ser atendida por outro sistema. No caso do apagão que atingiu o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, no início do mês, se a linha de transmissão Ouro Preto - Vitória já estivesse em operação, a área atingida seria bem menor.

"Quanto mais interligado é um sistema, menor a chance de a rede ser derrubada. Com mais linhas, você tem maior possibilidade de manobras", afirma o assessor de controle, gestão e novos negócios de geração e transmissão da Cemig, Marcio Maia Ribeiro. Segundo ele, os investimentos dos últimos anos melhorou bastante a rede elétrica. Mas alerta: "Não há sistema perfeito."

Apesar da importância da expansão do sistema, a manutenção de linhas e subestações antigas também exige cuidado. "É preciso adaptar tecnologia e trocar equipamentos por outros mais modernos para dar confiabilidade e melhorar a eficiência da rede."

Mas a expansão e melhoria da rede tem um custo. As novas linhas são mais caras. E quem paga essa conta é o consumidor. Segundo dados da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), até o terceiro trimestre de 2004, o custo de transmissão já representava 6,6% da tarifa de energia elétrica ante 2% de 1998. Nesse período, a rede básica de transmissão cresceu 15.936 km. Isso significou um aumento de 546% na tarifa de transmissão de energia elétrica entre 1999 e 2004.