Título: Ford lucra sete vezes mais em 2004
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2005, Economia, p. B14

O grupo Ford, segundo maior conglomerado automobilístico mundial, encerrou 2004 com lucro líquido de US$ 3,5 bilhões, sete vezes mais que o montante obtido no ano anterior. As operações da América do Sul, onde o Brasil responde por 63,5% das vendas, deram sua parcela de contribuição ao registrar ganhos de US$ 140 milhões. Em 2003, a região teve prejuízos de US$ 129 milhões. O vice-presidente mundial e principal dirigente financeiro da Ford, Don Leclair, disse que o desempenho da América do Sul é resultado de amplo plano de redução de custos e do lançamento de produtos "como EcoSport e Fiesta hatch e sedã produzidos no nordeste do Brasil". Ele lembrou que a fábrica da Bahia opera com plena capacidade, em três turnos.

As vendas da América do Sul, região que abrange, além do Brasil, Argentina, Venezuela e países andinos, somaram 292 mil unidades no ano passado. Desse total, 185,6 mil são carros vendidos no mercado brasileiro. "Temos uma linha de produtos surpreendentes, com design moderno e a marca está rejuvenescida", justificou o presidente da Ford Brasil e América do Sul, Antonio Maciel Neto. "Vamos continuar inovando para surpreender sempre os consumidores", afirmou Maciel, que também destacou o fortalecimento da rede de revendedores da marca.

A produção da Ford brasileira cresceu quase 30% em 2004, para 284,7 mil unidades. "As exportações do Brasil para o México também foram expressivas, embora não estejam incluídas no lucro", ressaltou Leclair. As vendas externas da filial brasileira aumentaram 40%, totalizando US$ 1,1 bilhão. Por conta de decisão da matriz, os resultados das exportações não entram no balanço do país que produziu o veículo, mas daquele que o comercializou.

EQUILÍBRIO

O resultado positivo da Ford mundial foi favorecido especialmente pelo braço financeiro, mas a operação automotiva também teve melhora significativa, com lucro de US$ 850 milhões, ante US$ 153 milhões no ano anterior. O grupo vendeu 6,798 milhões de veículos, 62 mil a mais que em 2003. A empresa também ampliou seus ganhos na Europa, Ásia, Pacífico e África. No mercado americano, embora positivo, o resultado foi inferior ao de 2003.

A matriz da Ford previa para 2004 um equilíbrio nos resultados das subsidiárias sul-americanas, mas foi surpreendida pelo lucro reportado. A filial brasileira, que desde 1995 vinha operando no vermelho, recupera espaço no mercado. A empresa reestruturou suas operações, principalmente na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que hoje, mais enxuta, produz os modelos antigos da marca: Ka, Courier, uma versão antiga do Fiesta (Street), além de picapes e caminhões.

Em 2001, quando foi inaugurada a fábrica da Bahia, houve especulações de que a unidade de carros do ABC poderia ser fechada. Hoje, executivos e trabalhadores tentam obter da matriz aval para a produção de um novo modelo, de pequeno porte, na linha dos populares. A direção da Ford gostou da proposta apresentada, mas só dará sinal verde se os custos de produção forem reduzidos. Por enquanto, essa equação ainda não foi solucionada.

AGRADECIMENTO

Assim como nos resultados da Ford, a região da América Latina, África e Oriente Médio teve desempenho positivo no balanço da General Motors, divulgado quarta-feira. O lucro chegou a US$ 85 milhões, ante prejuízos de US$ 331 milhões no exercício anterior. O resultado global da GM, entretanto, teve queda de 2,6% ante 2003, para US$ 3,7 bilhões.

Como o País apresentou um dos melhores resultados da marca na região, a GM brasileira - que pela primeira vez em 80 anos obteve a liderança do mercado nacional de veículos -, realiza hoje o "dia do muito obrigado", iniciativa também promovida no ano passado. Executivos de todas as áreas vão se reunir com os 19 mil empregados para comemorar as realizações de 2004 e agradecer a colaboração de todos.

"Tivemos extraordinário desempenho em diversas áreas, com produção recorde de veículos, os melhores volumes de exportações da nossa história, o melhor nível de segurança no trabalho, a melhor qualidade, o melhor faturamento na área do pós-venda e redução do custo de garantia, tudo isso culminando com a liderança global do mercado", disse o presidente da montadora, Ray Young, em mensagem distribuída ontem aos empregados.