Título: Cultura representa 10% do PIB, diz Gilberto Gil
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2005, Nacional, p. A6

As empresas culturais no Brasil já movimentam 10% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, cerca de R$ 85 bilhões. A informação é do ministro da Cultura, Gilberto Gil, que vai pedir ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e à Agência de Promoção de Exportações (Apex) que criem estruturas e financiamentos para a exportação dessa produção. "O envolvimento do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior nesses novos projetos já está sendo debatido", afirmou Gil. Em Genebra para participar de uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), o ministro revelou ontem que os dados do PIB cultural do País são os primeiros produzidos sobre o setor e incluem publicidade, música, livro, software, artesanato e o que é produzido pelas festas tradicionais no País. "A cultura é um dos setores da economia que mais floresce no Brasil hoje", afirmou. Outros estudos indicam que o Brasil exporta US$ 200 milhões por ano em programas de TV, enquanto os direitos autorais geraram US$ 5,3 bilhões em 1998.

A porcentagem do PIB cultural brasileiro na economia do País é superior à média internacional. No mundo, as "indústrias criativas" representam 7% do PIB mundial, ou US$ 1,3 trilhão.

Os dados sobre o valor econômico da cultura brasileira serão expostos durante uma conferência que Gil organiza para Salvador (BA), em abril, que vai debater a criação de um centro internacional para o fomento das "indústrias criativas". O governo está ainda assinando acordos com IBGE e Ipea para começar a produzir mais dados sobre a cultura. Uma das iniciativas é o levantamento da quantidade de equipamentos culturais existentes nas metrópoles brasileiras.

Gil conseguiu, em Genebra, o compromisso dos organismos da ONU para que o governo possa realizar sua conferência sobre as "indústrias criativas" em abril. Convites serão enviados aos governos e hoje o ministro está na Espanha para pedir que Madri faça um lobby entre os demais países da União Européia para que o projeto de criação do centro em Salvador se torne realidade. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) pode financiar parte do projeto e a Unesco quer fazer parte da direção do centro.

ANCINAV

Para Gil, outro projeto que deve se concretizar neste ano é a criação da Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav). "Acredito que podemos ter a agência ainda em 2005. O presidente quer que os ministros continuem a apoiar o projeto da agência, que terá um papel de fomentadora e fiscalizadora", afirmou. Segundo ele, Lula pediu que se prepare um "sólido suporte" financeiro para a entidade.

Quanto às novas regulamentações, como a cota de filmes nacionais em exibição, Gil insiste em que não se pode ter pressa no debate. "É a sociedade brasileira que deve dizer com que rapidez quer isso aprovado, não o governo."