Título: Bush, fase 2: novo tom na política externa
Autor: Bronwen Maddox
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2005, Internacional, p. A16

Na segunda-feira vimos o lançamento mundial de Bush, Fase 2. O prudente entusiasmo do Senado pela confirmação de Condoleezza Rice como secretária de Estado não surpreendeu. Desde que o presidente Bush a escolheu para suceder Colin Powell há rumores de que ela iria apontar mudanças de fato na política externa dos EUA. Bem, ela fez isso. Mas suas respostas no Senado, que serão bem recebidas na Grã-Bretanha e muitos outros países europeus, não significam que as relações do governo americano com eles vão, de repente, transcorrer suavemente. Sua sabatina no Comitê de Relações Exteriores do Senado foi um daqueles episódios condensados do teatro de Washington, que coloca os rostos mais conhecidos na mesma sala.

Condoleezza descreveu o que tem sido chamado de "os grandes temas de Bush" para seu segundo mandato. O processo de paz no Oriente Médio. A 'iraquificação" do Iraque, como um plano de saída. Fazer a corte à Europa, até certo ponto. Um aceno à cooperação internacional (embora nada parecido com um pedido de desculpas pelo áspero primeiro mandato; na verdade, uma indicação de que a equipe faria tudo de novo).

Bush levará esses temas à Europa na viagem que iniciará em 22 de fevereiro. A grande importância que a Casa Branca está dedicando a essa viagem é visível no tempo que o assunto toma na videoconferência semanal que ele mantém com o primeiro-ministro Tony Blair (tema que aparece ao lado de Oriente Médio e Iraque).

Mas por trás dessa atividade há substância? A Grã-Bretanha espera que os EUA se mexam com rapidez, dependendo, claro, da resposta de Israel e dos palestinos para que o mapa da estrada (último plano de paz para a região) possa ser retomado, e para que as conversações sobre um acordo final possam ser iniciadas no segundo mandato de Bush.

Isso significará um imenso salto em relação à posição dos EUA antes da reeleição. Além disso, terá muita importância para Blair o que Bush disser sobre o Iraque. Quando Bush chegar, as eleições iraquianas terão ocorrido (ou, catastroficamente, fracassado).

A viagem de Bush não poderá evitar que ele seja refém desses resultados. Quanto mais sangrento e anárquico estiver o Iraque depois das eleições, mais Blair estará reticente, e mais desconfortável será para Blair. Mas, se as eleições tiverem produzido alguma coisa parecida com um governo de credibilidade, então os EUA terão a semente de uma estratégia de saída. E a Grã-Bretanha também.

Ainda assim,embora o tom tenha mudado em Washington, e o Oriente Médio não seja mais um tabu, as preocupações são ainda aquelas que se acredita tenham dado a vitória para Bush: a guerra ao terror, acima de tudo.