Título: Com 40 novos mercados, venda de carne cresce 42%
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2005, Economia, p. B8

O Brasil consolidou em 2004 a liderança mundial das exportações de carne bovina em volume alcançada em 2003, com a abertura de 40 novos mercados. Nem mesmo o embargo da carne brasileira pela Rússia, a partir de fins de setembro, afetou os resultados. A Rússia foi o principal destino para a carne bovina in natura no ano passado, quando as exportações totais brasileiras do produto in natura e industrializado somaram 1,939 milhão de toneladas, 42,31% a mais do que no ano anterior. Esse volume recorde rendeu uma receita de exportação de US$ 2,525 bilhões, 62,35% maior em relação à obtida em 2003. Para este ano, o presidente da Associação Brasileira Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Marcus Vinícius Pratini de Moraes, não quer fazer previsões de volume e receita. "O desafio agora é aumentar o valor agregado das exportações, vendendo cortes especiais e promovendo a marca no mercado." Ele conta que está sendo costurada uma negociação com o Carrefour para pôr a marca da carne brasileira, a "Brazilian Beef", nas lojas da rede na Europa.

Pratini de Moraes ressalta que o setor tem como prioridade acompanhar as negociações comerciais com a União Européia para reduzir tarifas que chegam a 200% e trabalhar para abrir mercados importantes como Estados Unidos, Japão, Coréia do Sul e Taiwan para a carne in natura. A taxação do produto nesses mercados é muito menor comparado aos demais e juntos eles respondem por 50% do consumo. Segundo Pratini de Moraes, neste ano as condições de vendas para os EUA serão atendidas. "A sanidade do produto é uma prioridade absoluta." Ele diz que nenhum outro país bate o Brasil no agronegócio e o que ocorre hoje é o uso barreiras sanitárias que são manipuladas de forma protecionista pelo concorrentes.

Com relação ao embargo russo por causa de um foco de febre aftosa na Região Norte, o presidente da Abiec diz que não há previsões de quando será suspenso. De toda forma, em março serão negociadas as cotas de vendas para o país. Ele acredita que algum efeito por conta do embargo será sentido nas exportações a partir deste ano.

Assim como os demais exportadores, o nível atual do câmbio é apontado por pelo presidente da Abiec como um fator que afeta a rentabilidade das vendas externas. Ele destaca que mais da metade das exportações para a Europa já são fechadas em euro. O movimento de troca do dólar pelo euro já vem ocorrendo há cerca de um ano. Mas ele observa que, como a desvalorização dólar em relação a outras moedas é um fenômeno mundial, os importadores europeus pedem desconto nos negócios fechados.

DESTINOS

O País encerrou 2004 vendendo carne in natura e industrializada para 142 países. Entre os novos destinos estão Paquistão, Ilhas Maldivas, Usbequistão. Neste início de ano, a Bulgária passou a comprar a carne brasileira e encomendou cerca de 1,5 mil toneladas, com Pratini de Moraes.

Em 2004, as maiores taxas de crescimento de exportações de carne in natura em valor foram registradas no Irã (111,11%), Argélia (374,25%), Filipinas (91,20%), além da Rússia, com alta de 138,29% ante o ano anterior.

No ano passado, os russos importaram 227 mil toneladas e desembolsaram US$ 239 milhões. A Holanda ficou na vice-liderança, com a compra 70 mil toneladas e gastos de US$ 213,8 milhões.