Título: UE tentará aproximação com Mercosul
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2005, Economia, p. B8

O novo presidente da União Européia (UE), José Manuel Barroso, quer aproveitar a participação do presidente Lula no Fórum Econômico de Davos para conhecê-lo e dar impulso às relações entre a Europa e o Brasil, principalmente para fazer avançar o acordo entre a UE e o Mercosul. O pedido para que o encontro fosse realizado partiu de Bruxelas, e a reunião pode ocorrer dia 28. Mercosul e UE deveriam ter concluído no ano passado um acordo comercial, mas a falta de entendimento e a mudança de governo na Comissão Européia, em novembro, acabaram adiando o tratado. Apesar de anos de debates, o Mercosul chegou ao final de outubro de 2004 alegando que a proposta da UE em termos de acesso a seu mercado para produtos agrícolas era insuficiente. Bruxelas alertou que o Mercosul também não teria feito uma liberalização adequada em serviços e bens industriais. Sem uma nova orientação política, os negociadores estão aguardando uma definição sobre as prioridades de cada lado para voltarem à mesa de debates.

O encontro com Barroso não será o único na agenda de Lula. Davos espera que o presidente brasileiro discurse sobre a eliminação da pobreza e o combate à fome durante sua participação no evento. "Temos um fã clube de Lula em Davos. Ele veio aqui há dois anos e mostrou liderança ao construir pontes entre os fóruns de Porto Alegre e Davos", afirmou Frederic Sicre, um dos diretores do evento. No total, 25 chefes de Estado e de governo estarão na Suíça, entre eles o alemão Gerhard Schroeder. Lula, porém, será o único da América Latina.

O presidente organiza também uma reunião especial com executivos de todo o mundo para promover investimentos no Brasil. O chanceler Celso Amorim, os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, da Casa Civil, José Dirceu, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, acompanharão Lula nos encontros.

Entre as empresas brasileiras, estarão presentes a Souza Cruz, a Brasil Telecom e a Gerdau, entre outras.

Haverá outra mesa-redonda em Davos para tratar exclusivamente do Brasil. O fórum apresenta essa programação em seus folhetos lembrando que 30% da população brasileira ainda vive na pobreza, e que não tem sido feito o suficiente para lidar com o problema. A mesa-redonda questionará como o governo poderá atacar as desigualdades sociais mantendo o equilíbrio macroeconômico. Enquanto isso, Meirelles falará com Anne Krueger (ex-vice-diretora-gerente do FMI) sobre o endividamento dos países, ao lado de um representante da Nigéria.

Furlan foi escalado para o debate sobre o futuro da América Latina e outro sobre os dez anos de existência da Organização Mundial do Comércio (OMC).