Título: Petistas querem João Paulo na articulação
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2005, Nacional, p. A7

Apesar das promessas em contrário do presidente nacional do PT, José Genoino, o Partido dos Trabalhadores vai dar trabalho ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas negociações da reforma ministerial. Setores da cúpula petista uniram-se em mais uma ofensiva para pressionar o presidente da República a dar ao partido o comando da coordenação política, hoje entregue ao ministro Aldo Rebelo, do PC do B. Eles argumentam que a função de coordenador é estratégica, porque ele será peça-chave nas composições políticas para a reeleição de Lula em cada Estado. A pressão maior sobre o Planalto parte de dirigentes petistas ligados ao atual presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), que querem vê-lo sentado na cadeira de Rebelo.

Na prática, as negociações a respeito das chapas eleitorais de 2006 já começaram e o próprio presidente da República participa delas. Empenhado em garantir o equilíbrio regional no ministério, Lula convidou o ex-deputado Vladimir Palmeira, do PT fluminense, para uma conversa sobre o quinhão do Rio de Janeiro no ministério. Segundo uma fonte do Planalto, Palmeira obteve de Lula o apoio para disputar o governo do Rio em 2006.

A mesma fonte afirma que Lula está decidido a preservar Rebelo na coordenação política por gostar pessoalmente dele e considerá-lo um ministro mais confiável do que alguns do próprio PT. Na avaliação desta fonte palaciana, a reforma ministerial e a sucessão do comando do Congresso são questões que se misturam. Assim, a eleição do petista Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) para a presidência da Câmara fortaleceria, por tabela, a permanência de Aldo Rebelo no cargo. Os amigos de João Paulo insistem que, mesmo sabendo que o presidente Lula "adora o ministro Aldo", seu papel no governo tem de ser repensado porque a questão não é administrativa, mas política. O grupo ligado a João Paulo sustenta que apenas três petistas têm representatividade para comandar as composições políticas nos Estados. O trio é formado pelo ministro Dirceu, pelo presidente do PT, José Genoino, e por João Paulo, único que teria disponibilidade para assumir a tarefa.