Título: Pesquisa revela como os brasileiros fazem sexo
Autor: Simone Iwasso
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2005, Vida &, p. A9

Os baianos são os campeões quando o assunto é traição. Já os paranaenses se dizem os mais fiéis. Entre as mulheres, as fluminenses são as que mais assumem ter casos extraconjugais. Quando se trata de freqüência de relações sexuais por semana, os homens de Mato Grosso do Sul e as mulheres de Pernambuco lideram a lista. Os dados são resultado de uma pesquisa liderada pela psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex) do Hospital das Clínicas de São Paulo. Resultado de questionários respondidos anonimamente por 7.103 mulheres e homens moradores de 13 Estados das 5 regiões do País, a pesquisa e uma análise de seus resultados foram reunidos no livro lançado em dezembro pela psiquiatra, chamado Descobrimento Sexual do Brasil (Summus Editorial, 144 páginas, R$ 31).

"Pelos dados é possível identificarmos como o brasileiro faz sexo, o que é importante para ele, quais são as principais dificuldades. E é possível sabermos as tendências de comportamento nos vários Estados, resultados, basicamente, de diferenças culturais", explica Carmita.

Observa-se, por exemplo, que Goiás (47,8%), Pernambuco (47,2%), Bahia (42,7%) e Mato Grosso do Sul (41,6%) são os Estados onde há um maior número de homens que usa preservativo. Coincidência ou não, é também onde há um número significativo de relações extraconjugais. "É preciso esclarecer também que as diferenças de uso de preservativo entre homens e mulheres se devem a relacionamentos homossexuais e extraconjugais, entre outros."

Outras relações também podem ser feitas: as mulheres com maior dificuldade de ficarem excitadas estão no Ceará (31,6%) - Estado campeão em freqüência de ejaculação rápida nos homens, atingindo 28% deles, segundo as respostas dos questionários.

No Rio, a constatação é outra. Há um número menor de relações sexuais por semana, cerca de 2,7. No entanto, as mulheres fluminenses têm o menor índice de dificuldades para atingir o orgasmo (17,2%) e os homens do Estado apresentam pouca ejaculação rápida (13,7%). "São também reflexo de diferenças culturais. O Rio apresenta um maior culto ao corpo, uma maior exigência dos parceiros e há uma possibilidade maior de outros programas culturais e sociais, além do sexual", analisa. "São Paulo também tem um quadro semelhante, está na média dos outros Estados em quase todos os índices. São locais em que o sexo não é a única alternativa de relaxamento para as pessoas."

CONFIANÇA

Os comportamentos apontados na pesquisa aparecem facilmente numa conversa cotidiana. O paulistano Santiago Roig Albuquerque, de 23 anos, dono de uma marca de roupas, conta que namora há três anos e já dispensou a camisinha do relacionamento. "Eu a conheço desde a infância, confio muito nela. Ela também toma pílula para não engravidar", diz. "Minha vida sexual se resume a ela." Para ele, a fidelidade é recíproca e, por causa disso, outros cuidados não são necessários na relação.

Assim como Albuquerque, o estudante Luiz Roberto Cabra Serrano, de 22 anos, diz que mantinha com a namorada uma média de duas relações sexuais por semana. "No início do namoro, usava camisinha, mas com o tempo foi abandonando o hábito, já que ela tomava pílulas anticoncepcionais", diz. O namoro, que durou três anos, acabou por causa de uma traição. Por parte dele.

Atualmente sem namorada, Christiano Machado Pereira Lima, de 21 anos, diz que nunca traiu, mas não descarta a possibilidade. "Não vou perder mais tempo."