Título: Evolução marca páginas do jornal
Autor: José Maria Mayrink
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2005, Vida &, p. A10

Da primeira edição do jornal A Província de São Paulo, em 4 de janeiro de 1875, à edição de hoje do jornal O Estado de S. Paulo, a marca deste veículo de comunicação, ao longo dos anos, tem sido a da evolução. É assim que o presidente do Conselho de Administração do Grupo Estado, Francisco Mesquita Neto, resume as várias mudanças gráficas que ocorreram ao longo de 130 anos de fundação e 125 de vida independente do Estado. A última reforma gráfica foi apresentada aos leitores pelo diretor Ruy Mesquita em 18 de outubro, quando destacou o compromisso do jornal com seus leitores e os ideais em defesa da democracia, do qual o veículo nunca abriu mão - nem abrirá - ao longo da história.

Desse projeto visual novo surgiram também novos cadernos, como Link, Aliás, Negócios, Metrópole e Vida&, além de suplementos mais completos como Casa& e TV&Lazer, reforçando, segundo os diretores-executivos Sandro Vaia, Elói Gertel e Célio V. Santos Filho, o vínculo do jornal com os leitores, ao apresentar uma diagramação que facilita a leitura e oferecer inovações que fazem parte do cotidiano atual.

Vieram em seguida os primeiros anúncios com cheiro publicados por um jornal brasileiro. Esse projeto, resultado de uma parceria entre o jornal e a Croma, empresa fornecedora de aromas, levou aos leitores aromas como os de café, rosas, pipoca, carro novo e pêssego e abriu novas fronteiras para o mercado anunciante. Uma década antes, o Estado, em parceria com a DPZ, abriu espaço para anúncios em terceira dimensão.

A inovação tem sido uma marca ao longo de décadas. Na edição de 19 de outubro de 1879, na página 4, por exemplo, o jornal chegou a publicar o primeiro anúncio em cor da imprensa brasileira - uma parceria com a Tipografia Jules Martin que marcou o início de nova era na arte de anunciar.

Hoje, com um parque industrial de última geração, capacidade de imprimir cores em todas as suas páginas, o Estado é fruto de uma trajetória que teve início com uma impressora manual Alauzet, movida por negros libertos contratados. Foi dessas oficinas que saiu o primeiro número de A Província de São Paulo, há 130 nos. O jornal contava com quatro páginas e o noticiário era dividido em cinco colunas. O logotipo aparecia em letras góticas e os títulos eram em uma coluna.

Em 1890, desaparece o antigo título e em letras góticas passa a ser apresentado aos leitores apenas como O Estado de S. Paulo, nome do jornal após a Proclamação da República. Em 1892, faz sua primeira reforma gráfica, ao substituir as letras góticas por outras, mais modernas para a época. Quatro anos depois, o projeto gráfico passa a exibir o noticiário em nove colunas, com os classificados se moldando ao novo formato, que seguia as inovações no mercado editorial internacional, antecipando no Brasil uma tendência que iria prevalecer ao longo de décadas.

Em 1907, a diagramação aparece com oito colunas, sempre no intuito de facilitar a leitura. No ano seguinte, um grande investimento é realizado com a compra da impressora Albert, que permitiu ao jornal sair com 16 páginas e a composição das letras por linotipo, que substituiu o trabalho manual de 40 tipógrafos. Um compromisso, mais uma vez, com a evolução, sem nunca abrir mão da linha editorial em defesa da democracia.

Em maio de 1915, o jornal lança a sua edição vespertina, que passa a ser conhecida como Estadinho. Essa edição, que trouxe informações relevantes sobre a 1.ª Guerra Mundial, deixou de circular em fevereiro de 1921, mas marcou época, com as reportagens de Julio de Mesquita Filho. A partir daí, o Estado passou por um processo contínuo de evolução a serviço dos leitores e dos seus ideais. Ganhou cor, cadernos novos e foi se modernizando sem perder o horizonte da sua história.

Mais que um mero relato da história, o Estado foi um participante ativo dos acontecimentos, sem deixar de opinar sobre os fatos, mesmo que essa opinião pudesse, como ocorreu no Estado Novo, ter o preço da liberdade de seus controladores. É por isso que, ao completar 130 anos de fundação, o Estado deixa também claro que são 125 anos de vida independente, descontados os cinco anos em que ficou em poder do Estado Novo, com seus controladores exilados do País.