Título: Superávit de US$ 33 bilhões é recorde
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2005, Economia, p. B1

O superávit da balança comercial brasileira bateu recorde em 2004, atingindo US$ 33,6 bilhões. As exportações somaram US$ 96,4 bilhões e as importações, US$ 62,7 bilhões, valores também recordes. Os resultados foram divulgados ontem pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, em São Paulo.

Em dezembro, o saldo da balança comercial foi positivo em US$ 3,5 bilhões. Foi o sétimo mês do ano em que o superávit superou os US$ 3 bilhões. Em dezembro, as exportações cresceram 30% ante 2003.

Para Furlan, o ritmo de crescimento de 2004 não deve se repetir em 2005. Logo depois de divulgar os resultado, o ministro previu que o ritmo de alta das exportações este ano ficará entre 10% e 15%, chegando possivelmente a US$ 108 bilhões.

Em 2004, as vendas externas cresceram 32% em relação a 2003. As importações devem aumentar em ritmo maior que as vendas externas. A projeção do ministro é que cresçam entre 20% e 30%.

Segundo Furlan, a balança sofrerá impacto do dólar em queda, o que diminui a competitividade dos produtos brasileiros no exterior e impulsiona as importações de bens de consumo. O ministro citou, como exemplo, as exportações de calçados e do setor automotivo. As vendas de automóveis também sofrerão impacto dos preços do aço, em alta desde o início de 2004.

Na avaliação de Furlan, o crescimento do PIB em 2005 também deve estimular o mercado interno, que acabaria absorvendo parte do excedente exportável. "Os investimentos que estão sendo feitos em aumento da capacidade produtiva só terão efeito depois de 2005", afirmou Furlan.

De acordo com ele, o resultado de 2004 foi impulsionado pela alta nos preços das commodities, sobretudo da soja, um movimento que não deve se repetir.

Furlan não fez críticas à política de câmbio, mas admitiu que as empresas precisarão passar por um período de adaptação ao novo patamar da moeda para continuar exportando.

Diante de um quadro formado por câmbio desfavorável, recuo nos preços das commodities agrícolas e manutenção do aquecimento do mercado interno, Furlan justificou suas projeções otimistas de aumento de até 15% nas vendas externas dizendo que o que salvará o comércio exterior é a diversificação de produtos e mercados.

Entre os recordes registrados pelo ministério estão o desempenho nas vendas de produtos manufaturados, básicos e semimanufaturados. As exportações de manufaturados atingiram US$ 52,9 bilhões no ano passado, um aumento de 33,5% sobre 2003.

As vendas de básicos somaram US$ 28,518 bilhões, alta de 34,7% ante 2003, e os semimanufaturados registraram, na mesma base de comparação, um incremento de 22,7%, com total de US$ 13,4 bilhões.