Título: Mercado espera Selic mais alta
Autor: Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2005, Economia, p. B3

O mercado financeiro passou a apostar numa taxa de juros mais alta no fim do ano. Pesquisa semanal feita pelo Banco Central (Bc) com cem instituições financeiras e consultorias mostrou que as previsões para a taxa Selic subiram de 15,50% para 16% ao ano. Esse foi o primeiro aumento depois de 11 semanas seguidas de manutenção da previsão do juro básico em 15,50%. Se confirmado esse cenário, os brasileiros poderão esperar uma queda de apenas de 1,75 ponto porcentual até o fim de 2005, dos atuais 17,75% para 16% ao ano.

Para janeiro, a aposta é de elevação de 0,25 ponto porcentual da Selic, para 18% ao ano. Essa poderá ser a quinta alta seguida do juro básico. O mercado também elevou a previsão para a Selic média ao longo de 2005, de 16,92% para 17,10%. A expectativa é que o juro permaneça em 18% em todo o primeiro semestre, só começando a cair na segunda metade do ano.

Contrariando as expectativas mais otimistas, as projeções dos analistas para o IPCA (índice oficial de inflação do governo que serve de base para o sistema de metas) de 2005 foram mantidas em 5,70%, na pesquisa realizada na última semana de 2004. Isso interrompeu uma seqüência de três quedas consecutivas das projeções e frustrou quem esperava mais uma pequena queda.

A previsão de inflação continua bem acima da meta de 5,1% que vem sendo perseguida para o IPCA de 2005, motivo que leva o mercado a esperar novas altas dos juros.

Na pesquisa anterior, divulgada em 27 de dezembro, as previsões haviam caído 0,06 ponto porcentual - de 5,76% para 5,70% -, depois que o BC divulgou a ata da reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária (Copom), que alertou para a possibilidade de um novo aumento do juro básico se as expectativas não se reduzirem para próximo da meta de 5,1%. O mercado acredita que a inflação em 2004 ficou em 7,47%, abaixo do teto de 8% da meta de inflação para o ano.

Para o dólar no fim deste ano, as projeções caíram de R$ 3 para R$ 2,95, depois de terem ficado estáveis por 3 semanas consecutivas.

Com o dólar em queda, o mercado diminuiu mais uma vez a estimativa de superávit da balança comercial, que recuou de US$ 26,60 bilhões para US$ 26,39 bilhões. Há 4 semanas, os analistas esperavam um saldo comercial de US$ 27 bilhões. As previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005 permaneceram estáveis em 3,5%. Também foi mantida a estimativa de crescimento de 5,1% do PIB no ano passado.

A pesquisa revelou a continuidade da queda das previsões do mercado para a dívida líquida do setor público em 2005, que passaram de 52,05% para 52% do PIB. É a quinta queda consecutiva. Há 4 semanas, a previsão estava em 53,60% do PIB. Os analistas estimam que em 2004 a relação da dívida líquida fechou o ano em 52,10% do PIB.