Título: Cai o número de empresas listadas
Autor: Mario Rocha, Silvana Rocha e Lucinda Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2005, Economia, p. B11

Os indicadores da Bovespa mostram que 2004 foi um ano para se comemorar. O Ibovespa, fechou no nível histórico de 26.205 pontos, e o mercado doméstico também registrou recordes no número de negócios e no volume financeiro. Mas a Bolsa não teve fôlego para ver o total de companhias listadas crescer - o número caiu 2,3% ante 2003, para 374. Mesmo com uma soma final de empresas menor, 2004 teve o maior número de novas companhias que lançaram ações, 7 no total, desde 1994. Isso abre uma reflexão sobre as possibilidades de, daqui a dez anos, nomes como Grendene, Natura, América Latina Logística, CPFL Energia, Gol, Diagnósticos da América e Porto Seguro ainda estarem vivos nas cabeças das pessoas e com seus papéis negociados.

Em 1994, a Bolsa registrou nove empresas ofertando ações ao mercado pela primeira vez. Sete delas fecharam o capital: Gazeta Mercantil, Autel Telecomunicações, Cyrelar, Patagônia Participações, Império Lisamar, Pilcomayo e Wentex Têxtil. Duas ainda são abertas, mas trocaram de nome. A Indico é a atual Bompreço Bahia e a Plimpson é a Net. De 1994 a 2003, 26 empresas ofertaram ações e 15 delas tiveram o registro de companhia aberta cancelado.

A palavra para definir 2004, na visão do presidente da Bolsa de Valores de São Paulo, Raymundo Magliano Filho, é qualidade: "O destaque do ano foi a qualidade das companhias que ingressaram na Bolsa, a qualidade do nosso investidor e a qualidade exigida para o Novo Mercado".

Magliano diz que os resultados de 2004 são frutos de um trabalho colocado em prática há 5 anos, de aproximação entre o mercado de ações e o investidor individual: "Tudo passa por uma mudança de cultura. Através de parcerias com sindicatos de trabalhadores e de programas de divulgação da Bolsa, estamos conseguindo desmistificar o investimento em ações e fazer com que a pessoa física entenda que se trata de uma aplicação de longo prazo". Na gestão Magliano, a participação da pessoa física na Bolsa passou de 21,7%, em 2001, para 27,8% em 2004.

Também a presença dos investidores estrangeiros é crescente. No acumulado de 2004, até 27 de dezembro, a Bolsa registrava ingresso de R$ 1,7 bilhão nesta conta, resultado de compras e vendas na casa de R$ 80 bilhões - outro resultado histórico. Em 2003, o saldo de investimento externo foi de R$ 7,5 bilhões, mas resultou de compras e vendas num patamar mais baixo, de R$ 50 bilhões.

Para 2005, a expectativa é de que o número de ofertas de ações na Bovespa supere o registrado no ano passado.

Esta coluna é produzida pela Agência Estado a partir do Cias. Abertas, serviço eletrônico dedicado ao mercado de ações. Telefone 0800 11-3000, e-mail atendimento@agestado.com.br