Título: Na estréia de 2005, Bolsa tem queda
Autor: Mario Rocha, Silvana Rocha e Lucinda Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2005, Economia, p. B11

Em dia de realização de lucros, a Bolsa de Valores de São Paulo iniciou 2005 caindo 1,81%, em 25.722 pontos, com volume financeiro fraco, de R$ 1,214 bilhão. O dólar subiu 0,75%, para R$ 2,674, o risco país avançou 2,12%, para 385 pontos, e o C-Bond perdeu 0,12%, vendido com ágio de 2,375%. Os juros futuros projetaram alta. O Ibovespa abriu em alta, chegando à valorização de 1,13%, na cotação máxima do dia. À tarde, no entanto, o mercado inverteu a tendência e o índice chegou a cair 2%. A realização de lucros era esperada desde o final de dezembro. O ambiente propício à venda de papéis foi embalado pela alta do dólar, do risco país e das projeções de juros futuros. Também influiu a mudança na tributação sobre o lucro em ações, que a partir de ontem passou de 20% para 15%. "Quem queria realizar também esperou um pouco para conseguir ganhos maiores com a tributação", comentou um operador.

As maiores altas do Ibovespa ficaram com CRT Celular PNA (3,86%), AmBev PN (3,50%) e Net PN (3,28%). As maiores quedas foram de Tractebel ON (6,02%), Embratel Participações PN (5,89%) e Sabesp ON (5,05%).

A recuperação parcial da moeda americana ante o euro, os ajustes de posições das tesourarias dos bancos e um leilão de compra do Banco Central à tarde fizeram o comercial subir. O BC adquiriu moeda americana a R$ 2,673. O giro financeiro total à vista diminuiu 66%, para US$ 912 milhões. Segundo operadores, o fluxo comercial positivo limitou o avanço das cotações.

No mercado futuro, apenas dois vencimentos (fevereiro e julho) foram negociados, projetando altas de 0,69% e 0,60%, respectivamente.

Ontem foram feitos, com base na taxa média (ptax) de quinta-feira (R$ 2,6544), os ajustes da dívida de US$ 1,390 bilhão em títulos cambiais que não foi rolada pelo Banco Central e a liquidação dos contratos de dólar futuro de janeiro na BM&F.

A pesquisa do Banco Central com analistas do mercado, projetando a alta da taxa Selic média em 2005 (ver página 3), mexeu com o mercado de juros. Os contratos tiveram um ajuste residual, já que os negócios foram muito reduzidos na semana passada. Agora, o desenho da curva de juros inclina-se positivamente até julho.