Título: Abin consultará até o MST sobre como deve funcionar
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2005, Nacional, p. A6
O Palácio do Planalto quer saber dos representantes dos movimentos sociais do País, incluindo o Movimento dos Sem-Terra (MST), o que eles acham do serviço de inteligência brasileiro, que tem como órgão central a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), entidade que substituiu o extinto e malfadado Serviço Nacional de Informações (SNI). Nesta mesma consulta, a ser realizada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), auxiliado pela Secretaria-Geral da Presidência, o governo quer saber o que esses movimentos acham que a Abin deve ter como prioridade. "Queremos que esses movimentos nos digam como gostariam que o sistema de inteligência do País funcionasse, digam o que eles acham que não agrada a eles no serviço prestado, quais deveriam ser os focos do sistema e pediremos que apresentem sugestões", disse ao Estado o ministro-chefe do GSI, general Jorge Armando Félix, que comanda a direção da Abin. O general informou que vários segmentos, como as igrejas, já foram ouvidos e a intenção é abrir o debate com todos os setores da sociedade.
Para o general Félix, que nos seus mais de 40 anos de carreira militar jamais trabalhou na área de informações, "é preciso desmistificar a atividade de inteligência no País". Na sua opinião, "é preciso que se acabe com o sigilo que cerca a atividade de inteligência e incluir este tema na pauta de debate dos movimentos sociais e da sociedade em geral, da mesma forma que se discutem questões como economia brasileira, juros, educação, política, entre outros". Ele lembrou que as discussões sobre o tema, hoje, estão restritas à área acadêmica.
"Ninguém discute inteligência e temos de acabar com este tabu porque este é assunto que tende interessar a todos", comentou o general Félix, ao acrescentar que também estão sendo consultados jornalistas, sindicalistas patronais e de empregados. "Não bisbilhotamos nada nem ninguém", assegurou o general, ressaltando que o trabalho desenvolvido pela Abin é de busca de informações, por meios legais, que interessem ao Estado brasileiro.
De acordo com ele, "o ritmo das consultas ainda está sendo devagar". Mas Félix salientou que o objetivo é de ouvir atentamente todos os segmentos, para tentar aperfeiçoar o sistema. "Não estamos fazendo com a velocidade que gostaríamos, mas queremos fazer um trabalho amplo", completou.