Título: Núcleo do governo fica, avisa Lula
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/01/2005, Nacional, p. A5

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comunicou aos seis integrantes do chamado núcleo duro do governo que não mexerá com nenhum deles na reforma ministerial. Portanto, Aldo Rebelo (Coordenação Política), Antonio Palocci (Fazenda), Jaques Wagner (Desenvolvimento Econômico e Social), José Dirceu (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) podem, pela decisão de Lula, manter sua rotina normal de trabalho. Eles têm reuniões diárias com o presidente. Dos seis, as notícias de que haveria substituição alcançaram somente o ministro Aldo Rebelo. Em dezembro, seu colega José Dirceu, o PT, e o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), fizeram pressão pela troca. O principal candidato à vaga era o próprio João Paulo. Agora que não há mais a possibilidade de ficar com a vaga de Rebelo, é provável que João Paulo assuma o cargo de líder do governo na Câmara, no lugar do deputado Professor Luizinho (PT-SP).

Há precedentes para este tipo de mexida na Câmara. Durante o governo do ex-presidente Fenando Henrique Cardoso, o ex-deputado Luiz Eduardo Magalhães (PFL-BA) foi nomeado líder do governo logo depois de deixar a presidência da Câmara, no início de 1997. Luiz Eduardo permaneceu no cargo de líder por pouco mais de um ano. Ele morreu em abril de 1998.

O presidente Lula comunicou na quinta-feira aos dirigentes do PMDB governista (José Sarney, presidente do Senado, José Borba, líder do partido na Câmara, Renan Calheiros, líder no Senado, e o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira) que ampliará o espaço do partido no governo. Disse também que há margem de negociação para quase todos os ministérios, menos para os do núcleo central e para a Educação e a Saúde. Estes, de acordo com Lula, ficarão com o PT. No caso da Saúde, não necessariamente com seu titular, Humberto Costa. Se houver substituição, o lugar será preenchido por um petista.

ELEIÇÕES

De resto, Lula informou ainda que não manterá no ministério ninguém do PT que pretenda disputar as eleições do ano que vem. Isso foi entendido como um sinal de que ele vai se livrar de Humberto Costa, que pretende concorrer ao governo de Pernambuco em 2006, e de Olívio Dutra (Cidades), que já manifestou o desejo de tentar voltar ao governo do Rio Grande do Sul.

Nas poucas conversas sobre reforma que teve nos últimos dias com parlamentares, Lula disse que procura um substituto para Nelson Machado, interino no Ministério do Planejamento desde dezembro, quando Guido Mantega substituiu Carlos Lessa na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Lula tentou alguns nomes para o Planejamento, mas é um ministério muito técnico, do qual os políticos fogem. Disse que se não encontrar nenhum candidato, vai confirmar Machado na pasta. Repetiria Fernando Henrique que, com a saída de Martus Tavares, pôs no lugar o secretário-executivo, Guilherme Dias, um técnico.

Se for confirnada a saída de Olívio Dutra do Ministério das Cidades, a opção do presidente Lula pode ser pela nomeação de um peemedebista para a pasta. O principal candidato é o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira.

Outra opção seria escolher a senadora Roseana Sarney (PFL-MA) para o Ministério das Cidades. Antes, ela terá de deixar o PFL, pois o partido faz oposição ao governo. Com ou sem partido, Roseana será ministra.