Título: Freire pede auditoria na campanha
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Fonte: O Estado de São Paulo, 28/01/2005, Nacional, p. A7

O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), defendeu ontem uma auditoria nas contas de campanha dos candidatos à sucessão do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) na presidência da Câmara. Para ele, falta informação sobre a origem e o volume de recursos utilizados nas campanhas, que incluem propaganda pelos corredores e salões do Congresso e o uso de jatinhos. "De onde vem o dinheiro para financiar essas campanhas? Quem está patrocinando isso?", indagou Freire. A campanha do candidato oficial do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), é custeada pelo partido. Dos cinco candidatos à presidência da Câmara, Greenhalgh não é o único que percorre o País em jatinho, à busca de votos para se eleger.

O dissidente Virgílio Guimarães (PT-MG) também viajou com avião alugado, no início desta semana, para Porto Alegre. "Mas nossa campanha é humilde; não é rica como a do PT. A maior parte das vezes o candidato viaja em vôo de carreira", disse o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), um dos coordenadores financeiros da campanha do petista mineiro.

Segundo Arantes, os gastos da campanha estão sendo bancados pelo movimento Câmara Forte, grupo que defende Virgílio e fez uma "vaquinha" entre os 50 deputados mais próximos para mandar imprimir 5 mil cartazes, painéis gigantes e confeccionar 2 mil camisetas e 4 mil canetas com propaganda. Cada um dos deputados contribuiu com R$ 2 mil. "Já arrecadamos mais de R$ 100 mil", afirmou Arantes.

A campanha do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) está orçada em R$ 60 mil e também está sendo custeada por correligionários. Segundo o deputado Benedito Dias (PP-AP), coordenador financeiro da campanha de Cavalcanti, foram gastos até agora R$ 40 mil com a confecção de 2 mil cartazes, 200 camisetas, painéis gigantes e dois outdoors.

"Entre 30 e 40 deputados ajudaram a campanha com dinheiro. As doações foram de R$ 1 mil, R$ 2 mil", afirmou Dias. Ao contrário de Greenhalgh e Virgílio, Cavalcanti não está viajando pelo País em campanha. "Eles estão gastando milhões em viagens, mas nós nos concentramos nos telefonemas. Afinal, todo mundo conhece o Severino Cavalcanti", disse Benedito Dias.

POLUIÇÃO VISUAL

A 17 dias da eleição que escolherá o sucessor de João Paulo, a poluição visual tomou conta dos corredores da Câmara, cheios de cartazes de três dos cinco deputados que disputarão a presidência da Casa, em 14 de fevereiro.

Os candidatos avulsos José Carlos Aleluia (PFL-BA) e Jair Bolsonaro (RJ), que vai ingressar no PFL, porém, até agora não produziram material de campanha.

"Tenho pedido moderação. Em alguns espaços muito mais públicos deve-se evitar colocar muitos cartazes, poluir muito", disse João Paulo. Na próxima terça-feira, ele se reunirá com todos os líderes partidários para definir o processo de escolha do seu sucessor.

Na opinião de João Paulo, é muito difícil alterar o regimento interno da Câmara, daqui até o dia da eleição, para que a votação seja aberta. "O regimento diz que o voto é secreto. Só há um jeito de mudar isso: se todos os candidatos concordarem, todos os líderes", afirmou o petista.