Título: Ato em Auschwitz faz alerta contra anti-semitismo no mundo
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/01/2005, Internacional, p. A16

Líderes mundiais e sobreviventes do campo de concentração de Auschwitz participaram ontem de uma cerimônia pelo 60.º aniversário de sua libertação pelas tropas soviéticas, realizada no mesmo local onde os nazistas enviavam suas vítimas para a câmara de gás. Os presidentes da Rússia, Polônia, Israel e Ucrânia, assim como o vice-presidente americano, Dick Cheney, e outros líderes mundiais falaram sobre a necessidade de manter a consciência do Holocausto viva, mesmo após a morte do último sobrevivente. Vários líderes também alertaram contra o ressurgimento do anti-semitismo na Europa.

"Pedimos à União Européia que impeça o nazismo de viver na imaginação do jovem na Europa como algum tipo de show de horror", declarou o presidente de Israel, Moshe Katsav, acrescentando que os "aliados não fizeram o suficiente" para impedir a morte de judeus durante a 2.ª Guerra Mundial.

Cerca de 1,5 milhão de pessoas, entre elas 1 milhão de judeus, foram mortas no complexo de Auschwitz, que incluía três campos principais e outros 39 menores, a sudoeste de Cracóvia. A maioria das vítimas foi morta em Auschwitz-Birkenau, o segundo dos campos principais, que se tornou o símbolo do Holocausto no qual mais de 6 milhões de judeus morreram.

Também foram mortos em Auschwitz prisioneiros de guerra soviéticos e poloneses, ciganos, homossexuais e inimigos políticos dos nazistas.

O presidente russo, Vladimir Putin, falou com orgulho dos soldados soviéticos que libertaram Auschwitz em 27 de janeiro de 1945. "Eles desligaram os fornos, eles salvaram Cracóvia", declarou. Mas Putin também disse que há muito do que se envergonhar hoje em dia: "Infelizmente, ainda vemos sinais de anti-semitismo em nosso país."

"Essas celebrações têm o objetivo de promover o conhecimento sobre Auschwitz tão amplamente quanto possível e trazer a verdade sobre os campos à geração mais nova", disse o presidente polonês, Aleksander Kwasniewski à rádio estatal polonesa.

O recém-empossado presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, lembrou durante um fórum em Cracóvia, antes da cerimônia, que seu pai foi um soldado ferido que esteve em Auschwitz: "Nunca haverá novamente uma questão judaica em meu país. A tragédia do passado nunca será repetida na Ucrânia", prometeu.

O presidente alemão, Horst Koehler, ao visitar o campo de extermínio declarou: "Temos de trabalhar para que algo assim não se repita jamais." Ele também advertiu contra um novo anti-semitismo que está surgindo não somente na Alemanha.

O presidente francês, Jacques Chirac, pediu a seus cidadãos que não esqueçam o envolvimento da França nas mortes de milhares de judeus franceses.