Título: Obra em ponte pode fechar Régis
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/01/2005, Metrópole, p. C1

A Rodovia Régis Bitencourt (BR-116), que liga São Paulo a Curitiba, pode ficar totalmente interditada em Campina Grande do Sul, no trecho paranaense, onde uma ponte caiu na noite de terça-feira. A outra ponte, que passou a receber todo o tráfego - cerca de 15 mil veículos por dia - também está ameaçada. O aterro de sustentação da cabeceira cedeu e está com fissuras. "Se houver risco, vamos interditar. A segurança vem em primeiro lugar", disse o diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), Alexandre Silveira, ao inspecionar o local ontem de manhã.

"Risco existe, mas precisamos avaliar sua real dimensão antes de tomar uma decisão", afirmou o coordenador de Estruturas do órgão, Eduardo Calheiros. Ontem começaram a ser instalados no local aparelhos de medição da estabilidade do aterro. Segundo Calheiros, vai ser construído um muro de contenção de concreto para segurar a terra. "Se continuar chovendo, a fissura no aterro pode aumentar. Aí será prudente fechar a ponte."

A garoa fina de ontem preocupou Rosalvo de Bueno Gizzi, coordenador do Dnit no Paraná, que planejava pôr máquinas para fazer a contenção do aterro a partir de hoje. "Com o terreno muito molhado fica difícil."

A ponte que caiu deve ser recuperada, segundo Gizzi. "Pelo que já pudemos ver, o restante da estrutura não foi afetado." O diretor-geral quer pressa na obra. Ontem, ele decretou estado de emergência no trecho da estrada. Essa providência permite a contratação dos serviços sem licitação. Com a reforma, a ponte vai ganhar 20 metros. "Vamos estender a cabeceira até um ponto mais firme do terreno", explicou Gizzi. As obras foram estimadas em R$ 2 milhões e devem ser concluídas em seis meses.

O Conselho Regional de Engenharia, Agronomia e Arquitetura (Crea) do Paraná vai investigar as causas do desabamento parcial da ponte. Segundo o superintendente do Crea, Celso Roberto Ritter, denúncias de que a estrutura da ponte apresentava problemas serão apuradas. Ele considerou ter havido omissão dos responsáveis pela conservação da estrada na limpeza dos drenos no aterro das cabeceiras. "A água não poderia acumular ali da forma como ocorreu."

O acidente também deve ser investigado pelo Ministério Público Federal. O deputado estadual Domingos Scarpellini (PSB) vai protocolar hoje representação na Procuradoria da República de Curitiba. Ele alega que há duas semanas encaminhou ofício ao Ministério dos Transportes denunciando o afundamento na cabeceira da ponte. Na quarta-feira, um dia depois do acidente, recebeu ofício informando que sua queixa tinha sido repassada ao Dnit.

DESVIO

Dois dias depois do acidente que deixou um morto e três feridos, o movimento era considerado tranqüilo ontem de manhã no local interditado. O número de veículos estava abaixo do normal, segundo a Polícia Rodoviária Federal. No dia anterior, o congestionamento chegou a 45 quilômetros. "Com a repercussão, é normal que as pessoas evitem pegar a estrada", disse o diretor-geral da PRF, Hélio Derenne. Havia muitos curiosos no ponto onde três caminhões-guincho tentavam içar o caminhão caído na represa. O veículo estava passando na ponte quando ela cedeu.

Em caso de interdição da outra ponte, a rota entre São Paulo e Curitiba será feita pelo interior, passando pelos municípios de Piraí do Sul, Ponta Grossa, Jaguariaíva e Sengés, no Paraná, e Itararé, Capão Bonito, Itapetininga e Tatuí, no lado paulista. A mudança de percurso aumenta a viagem entre Curitiba e São Paulo em 195 quilômetros.