Título: Diretoria do BC não muda, diz Palocci
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/01/2005, Economia, p. B3

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, em entrevista ao jornal Financial Times, negou rumores de que o governo pretende demitir os diretores do Banco Central que seriam considerados excessivamente conservadores. Palocci não apenas descartou mudanças iminentes no BC como insistiu que o governo vai trabalhar pela concessão de autonomia formal a instituição, após um debate na coalizão governamental. "Essa controvérsia fortaleceu nossa percepção de que o Banco Central precisa de autonomia", disse Palocci. "Em nenhum momento o presidente (Lula) questionou um diretor do BC, tampouco tem planos de mudanças."

Ele afirmou que o presidente Lula apóia as atuais metas inflacionárias. "Como ex-líder sindical lutando por reajustes salariais, o presidente sabe melhor que ninguém o impacto (negativo) da inflação sobre a renda das pessoas e sobre a economia", declarou. "Eu me sinto muito confortável com a posição do presidente em relação à política econômica."

Segundo o jornal britânico, essas declarações vão ajudar a reforçar o comprometimento do governo com a ortodoxia econômica.Palocci disse também ao Financial Times que o governo brasileiro está preparando sua primeira grande privatização. Segundo ele, o governo apresentará ao Congresso uma proposta para encerrar o monopólio estatal no setor de resseguros e vai vender sua participação majoritária no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB).

De acordo com o FT, a decisão representa um rompimento "da histórica aversão do presidente Lula à privatização" e integra uma nova rodada de reformas pró-mercado para garantir competitividade internacional. O Financial Times informou também que o governo brasileiro pretende apresentar ainda neste ano propostas para desregulamentar o mercado de trabalho e cortar "muitos benefícios custosos".