Título: Alta da Selic não vai inibir empréstimos, diz Cipriano
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/01/2005, Economia, p. B4

O crescimento do volume de empréstimos no País, segundo o presidente da Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban), Márcio Cipriano, é fruto de uma demanda que ficou reprimida nos últimos anos e deslanchou no momento em que a economia voltou a crescer. Para ele, nem mesmo o aumento de 0,5 ponto porcentual na Selic irá frear essa tendência. "Um aumento de 0,5 ponto porcentual em um mês não significa que haverá queda nos financiamentos", afirmou. A avaliação do presidente da Febraban reforça as preocupações dos diretores do Banco Central, que alegam que há fatores estimulando o consumo interno, independente do aperto monetário que vem sendo promovido desde setembro passado. A conseqüência disso é mais pressão por reajustes de preços.

Para Cipriano, essa tendência de alta na concessão de empréstimos e financiamentos, especialmente aqueles com desconto na folha de pagamento, que têm custo menor, deverá ser sustentada num ambiente de maior nível da atividade econômica. "Tínhamos uma demanda reprimida, o nível de emprego está melhorando e o País deu às pessoas a possibilidade de crescer e tomarem crédito. Por isso, estamos vendo um crescimento forte dos financiamentos, principalmente para a aquisição de veículos e bens de consumo", avaliou.

Ele reconhece que a preocupação do BC com a inflação é legítima, já que no segundo semestre do ano passado a economia cresceu "quase 1% ao mês, o que é um crescimento muito grande". Ele argumentou que "só quem viveu com uma inflação de 80% ao mês sabe da dificuldade que é administrar um país assim. O governo está no caminho certo".

Cipriano disse ainda que os juros são a ferramenta mais importante neste momento em que a inflação ameaça sair do controle e, indiretamente, criticou aqueles que defendem que o BC adote caminhos alternativos. "Existem outros caminhos? Podem existir, mas no momento, eles não estão aparecendo", afirmou.