Título: Governador defende zoneamento do Estado para evitar novos conflitos
Autor: Carlos Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/02/2005, Nacional, p. A13

O governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), informou que está acelerando a aprovação, pela Assembléia Legislativa, do novo plano de zoneamento econômico-ecológico de todo o Estado para evitar novos conflitos pela terra, como o que provocou o assassinato da freira Dorothy Stang, no município de Anapu. O Pará será dividido em quatro grandes blocos de terras: as de preservação integral, as de uso restrito e auto-sustentável, as de utilização intensa e outra parte destinada à recuperação ambiental. "O ordenamento territorial é fundamental para minimizar as ações de grilagem no Estado", informou o governador, que esteve reunido ontem com nove ministros e mais o presidente em exercício, José Alencar, para tratar da repressão aos conflitos agrários no Pará. O governador prometeu, ainda, que também vai aumentar o efetivo policial na região de Anapu.

Simão Jatene disse que pretende fazer deste caso um exemplo para ajudar a combater a violência no campo. O governador negou que esteja havendo divergências entre o trabalho das polícias estaduais e da PF.

Ele admitiu que há dificuldades para se combater este tipo de crime no Estado, mas ressaltou que há vários meses vem abrindo delegacias em vários municípios e que somente 29 cidades não possuem delegacias de polícia. Depois do assassinato da freira, foram enviados para a região mais de 100 policiais.

Mas, segundo Jatene, somente a organização definitiva das terras no Pará, que será feita com a conclusão do zoneamento econômico-ecológico, pode evitar a grilagem, que é alimentada pela expectativa de direito de quem chegou há muitos anos na área para explorar madeira. Com 1,25 milhão de quilômetros quadrados de área, o Estado do Pará concentra, hoje, a mais perigosa área de conflito agrário e de destruição da Floresta Amazônica no Estado.

BASES OPERATIVAS

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, prometeu que o governo federal vai instalar, ainda este ano, 19 bases operativas compostas por fiscais do Ibama, técnicos do Incra, policiais federais e da Polícia Rodoviária Federal, que vão colher informações sobre os conflitos de terra e crimes ambientais. Ela lembrou que o Ibama apreendeu na região, nos últimos meses, cerca de 100 metros cúbicos de toras de madeira derrubadas ilegalmente de terras públicas ou de reservas indígenas ao longo da Rodovia Transamazônica. Isto revoltou os madeireiros e grileiros.

Além disso, a ministra informou que o Ibama cancelou as autorizações para o funcionamento de nove grandes projetos de derrubada de madeira, o que revoltou os madeireiros da região. Amiga da freira Dorothy Stang, a ministra estava na reserva ecológica Sempre Verde, também no Pará, tratando da regularização da área e do plano de manejo a ser adotado. A freira também tinha sido convidada para esta reunião, mas preferiu comparecer a outro encontro de assentados do Projeto de Desenvolvimento Sustentável, que coordenava em Anapu.