Título: PT busca aliança contra tucanos na Assembléia de SP
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/02/2005, Nacional, p. A9

O PT já começou a articular na Assembléia Legislativa uma candidatura alternativa à de Edson Aparecido (PSDB), escolhido ontem pela bancada tucana, por unanimidade, como candidato do partido do governador Geraldo Alckmin à presidência da Casa, conforme o Estado antecipou. Apesar de ter maioria - 23 deputados contra 21 do PSDB (contabilizando a recém-chegada Havanir Nimtz, ex-Prona) -, o PT já decidiu que não terá candidato próprio. "Vamos buscar uma alternativa", avisou o líder petista, Cândido Vaccarezza, que também ontem se reuniu com os seus colegas de partido e reconheceu que um petista não venceria o embate. "A política pressupõe você ganhar, e não apenas marcar posição", disse, admitindo que um nome de outro partido é mais viável. Desta vez, o líder do PT considera pequena a possibilidade de Aparecido ser candidato único. As candidaturas únicas à presidência já viraram tradição na Casa. A última disputa envolvendo dois nomes ocorreu em 1995, quando Ricardo Tripoli (PSDB) venceu Paschoal Thomeu (ex-PMDB e atual PTB). Também há dez anos o presidente da Assembléia pertence ao mesmo partido do governador, ou seja, ao PSDB.

Os petistas acreditam que teriam, no momento, 40 dos 48 votos necessários - de um total de 94 deputados - para eleger o presidente da Casa. "Se contarmos além de nós (PT) o PP, PMDB e PC do B já são 30 votos. Com os votos do bloco dos 10 - formado por PV, PSB e PDT -, já são 40", contabilizou o líder do PT. Já Aparecido diz ter, por enquanto, os 21 votos dos tucanos. "Agora que nossa bancada decidiu por meu nome é que vou começar a buscar apoio dos outros partidos, inclusive do PT."

EFEITO SEVERINO

Além de Aparecido, outro deputado da base de apoio de Alckmin se coloca como candidato à presidência. Correndo por fora, Roque Barbiere (PTB) já está sendo comparado ao novo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). "O próprio Roque chegou ontem (anteontem) dizendo que não é mais Barbiere, mas sim Roque Cavalcanti", comentou o deputado Jorge Caruso (PMDB). "E ele tem dito que já tem garantido alguns votos."

Mas nem tucanos nem petistas acreditam que o "fenômeno Severino" vai se repetir. "Na posição do PT não tem nada de revanche", disse Vaccarezza. "Não há semelhança aqui com Brasília e nem com a Câmara de Vereadores", afirmou Aparecido, referindo-se também à eleição de Roberto Tripoli (ex-PSDB), que com a ajuda de petistas venceu Ricardo Montoro (PSDB) - candidato oficial do prefeito José Serra - para a presidência da Câmara paulistana. Diferente de Brasília, na eleição para a presidência da Assembléia o voto é aberto. "Além de o cenário ser outro, o voto aberto constrange. Se fosse fechado, o risco (de derrota de Aparecido) seria grande", comentou um parlamentar tucano. "Serra perdeu e Lula também. O Alckmin não vai querer."