Título: ONU acompanha caso para cobrar punições
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/02/2005, Nacional, p. A10

A Organização das Nações Unidas (ONU) está acompanhando as investigações sobre a morte de irmã Dorothy. A representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, para os Defensores de Direitos Humanos, Hina Jilani, está conferindo as medidas adotadas pelas autoridades brasileiras e, dependendo da avaliação, pode cobrar providências. Segundo porta-vozes da ONU, Jilani tem observado que o Brasil estaria cumprindo as suas obrigações nessa investigação, na tentativa de esclarecer o caso. Uma das funções de Jilani é pedir explicações dos governos em caso de assassinatos ou ameaças a pessoas que são consideradas defensoras dos direitos humanos.

A questão da proteção de ativistas no Brasil é um tema que a ONU sempre destaca quando discute a situação do País. Jilani já foi obrigada a contatar o governo brasileiro, em várias ocasiões nos últimos anos, para cobrar explicações.

Já pediu, por exemplo, providências quanto ao assassinato de duas testemunhas, em 2003, depois de elas terem denunciado a existência de grupos de extermínio à relatora das Nações Unidas para assassinatos sumários, Asma Jahangir, durante a sua viagem ao Brasil.

Asma visitou o País há dois anos e, entre os vários compromissos, escutou denúncias feitas por Gerson Jesus Bispo, na Bahia, e Flávio Manoel da Silva, em Pedras de Fogo, na Paraíba. Os dois foram executados dias depois.

Em 2003, o governo brasileiro foi criticado por Jilani por demorar para responder aos pedidos de explicações sobre assassinatos de outros defensores dos direitos humanos. Jilani teria enviado no total dez pedidos de informação sobre ameaças e assassinatos de ativistas entre 2002 e 2003.

Um desses pedidos foi para cobrar solução no caso de Raimundo Rosa Neres, líder do grupo indígena pataxó hã-hã-hãe. Ele foi assassinado na Bahia e, segundo informações obtidas pela ONU, os autores seriam funcionários de fazendeiros da região de Pau-Brasil.