Título: Vice Alencar critica a taxa real mais alta do mundo
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/02/2005, Economia, p. B4

Ao receber ontem o grupo de políticos que esteve em Anapu, cidade onde foi assassinada a freira Dorothy Stang, o presidente da República em exercício, José Alencar, voltou a criticar as taxas de juros no Brasil. Ele chegou a dizer que o governo, às vezes, tem limitações em seus gastos nas áreas sociais porque paga uma quantia muito elevada de juros todo ano. "O nosso país está gastando um quarto de todas as receitas estaduais, municipais e da União com juros", observou, segundo relato de um participante do encontro. Alencar mostrou uma tabela da consultoria GRC Visão, publicada ontem pelo Estado, que mostra que a taxa de juros real no Brasil é quase 12 vezes maior que a média em 40 países desenvolvidos e emergentes. Segundo a tabela, a taxa real média dos desenvolvidos é de 0,4% ao ano e a dos emergentes, de 2,1% ao ano, enquanto a do Brasil estava em 11,9% ao ano antes da decisão do Copom de ontem.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu uma cópia da tabela. Os outros políticos também quiseram. O vice-presidente pediu a um assessor que tirasse cópias para todos. "O senhor não vai mandar essa tabela para os integrantes do Copom?", provocou Suplicy. O vice-presidente sorriu, mas desconversou, com o argumento de que os técnicos do Copom elaboram os seus estudos visando a certos objetivos.

O deputado Adão Pretto (PT-RS) lembrou uma observação que ouviu, certa vez, do coordenador do MST, João Pedro Stédile. "O Stédile me disse que toda vez que tem reuniões com o senhor, ele sai achando que é um conservador". Todos riram.

O deputado João Batista Araújo (Psol-PA), o Babá, aproveitou para dizer que o governo deveria ter a mesma visão do vice-presidente sobre o exagero dos juros.