Título: Emprego em alta: mais de 115 mil vagas em janeiro
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/02/2005, Economia, p. B6

O emprego formal continua positivo neste início de ano, com a abertura de 115.972 novos postos de trabalho em janeiro. É um número cerca de 15% superior ao de janeiro de 2004, quando foram criadas 100.106 novas vagas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini. O ministro destacou que janeiro de 2005 apresentou o melhor resultado para o mês da série histórica do Caged. E apontou a elevação generalizada do emprego em todos os setores da economia, com predominância para o setor de serviços (+ 54.501 postos de trabalho) e indústria de transformação (+ 32.844 vagas). Segundo Berzoini, o emprego formal está em expansão devido ao dinamismo do mercado interno e bom desempenho das exportações.

Para o ministro do Trabalho, as taxas de juros altas e a apreciação cambial ainda não comprometeram o nível de atividade da economia. Mas essa situação pode mudar. "A taxa de juros elevada e o atual nível do câmbio preocupam o governo." E admitiu que, se a taxa de câmbio prosseguir durante algum tempo neste nível, os setores exportadores, que mais contribuíram para o recorde de empregos criados em 2004, vão sofrer. "Se a apreciação cambial afetar a competitividade das exportações, haverá impacto sobre o mercado de trabalho."

Ainda que ocorra uma eventual perda de postos de trabalho no setor exportador, Berzoini acredita que o desempenho do mercado de trabalho como um todo será positivo neste ano. Para isso, o ministro conta com o dinamismo do mercado interno, que vem sendo impulsionado pelo aumento da demanda. Segundo ele, o mercado interno ainda tem muito espaço para crescer.

O ministro observou que só agora a renda das famílias começou a aumentar. Para manter o nível de atividade, afirmou, o governo também está fazendo a sua parte, ao destinar recursos significativos para a construção civil, mediante financiamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e crédito para as empresas com taxas de juros bem mais baixas que as de mercado.

Por isso é que Berzoini faz coro com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Guido Mantega, e defende que a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) não guarde relação direta com a taxa Selic, decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. "A TJLP não deve ser nunca abaixo da inflação, mas deve ser balizada pela necessidade de financiamento do País."

Pelos dados do Caged, além da indústria de transformação e dos serviços, também a construção civil, a agricultura e o comércio tiveram resultados positivos em janeiro. O ano começou no mercado de trabalho com equilíbrio entre os empregos criados no interior e nas áreas metropolitanas. Em termos geográficos, coube à região Sudeste a liderança, com mais 65,6 mil postos, sendo 52,8 mil em São Paulo.