Título: Pai da vítima: 'Vamos recorrer a quem?'
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/02/2005, Metrópole, p. C5

O jogador de basquete Felipe Siqueira Cunha de Souza, de 20 anos, lembrou o amigo Diego Mendes Modanez, morto, e os tiros que o levaram ao hospital. Chorou. Assim manifestou sua indignação ao saber da decisão. Felipe se recupera bem e já leva vida quase normal. Como ele, sua família ficou chocada com o entendimento dos desembargadores. Na casa de Fábio Antônio Modanez, pai de Diego, também de 20 anos, o clima era pior. "Sei que nenhuma decisão vai trazer meu filho de volta, mas quero justiça. Ele era uma ótima pessoa, tinha uma índole excelente. Descarregaram a arma nele por nada. Nossa lei serve apenas para tapar o sol com a peneira?" Sua mulher, Sônia, passou mal ao saber da decisão. Segundo Modanez, também jogador de basquete, a decisão dá margem para os cidadãos acreditarem que o Estado permite que se mate por motivo banal. "Se acontecer algo, vamos recorrer a quem?" Ele se revoltou com declarações de desembargadores que chamaram Felipe e Diego de "cavalões". "É um absurdo. Eu tenho 2,02 metro. Será que devo ligar para todos os que conheço que têm mais de 1,90 m e dizer que, de acordo com os magistrados, somos uma ameaça para sociedade?"