Título: Virgílio não desiste e o favorito Greenhalgh caça voto a voto
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2005, Nacional, p. A7

O novo presidente da Câmara será escolhido hoje depois de um confronto interno no PT que rachou os partidos aliados e exigiu uma interferência direta do governo. O candidato oficial do PT, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), continuará buscando voto a voto para tentar garantir a vitória em primeiro turno. Apesar dos apelos da cúpula petista, o candidato dissidente do partido, Virgílio Guimarães (MG), permanecia na disputa até ontem à noite, assim como os outros concorrentes: Severino Cavalcanti (PP-PE), José Carlos Aleluia (PFL-BA) e Jair Bolsonaro (PFL-RJ). Em um clima oposto, no qual prevaleceu o acordo político, o Senado também escolherá o sucessor de José Sarney (PMDB-AP), com a eleição do peemedebista Renan Calheiros (AL). Na Câmara, foram frustradas as tentativas de entendimento para fazer valer a tradição de eleger a Mesa Diretora de acordo com a proporcionalidade dos partidos na Casa.

O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), promete um ambiente de tranqüilidade, apesar dos ânimos acirrados. Ao final de uma reunião com o PT no início da noite, Greenhalgh reconheceu que a disputa será apertada. "Há muitos candidatos, mas estamos preparados." No encontro, o presidente do partido, José Genoino, pediu a cada um que reforce o corpo-a-corpo até a votação.

Para facilitar as negociações na partilha de cargos na Mesa, a bancada também concordou em dar uma das suas suplências a um partido. Segundo o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), o beneficiado deverá ser o PDT, que assumiu posição oficial em favor do candidato do PT. Enquanto isso, o PMDB continuava sendo a principal preocupação dos coordenadores da campanha de Greenhalgh.

GAROTINHO

O ex-governador Anthony Garotinho desembarcou ontem em Brasília para intensificar sua pressão contra os votos a Greenhalgh e aumentar a bancada peemedebista para destituir o deputado José Borba (PR) da liderança do partido. Para neutralizar a força de Garotinho, o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, conseguiu atrair três novos deputados para o PMDB: a petista Lucia Braga (PB), Enio Tatico (DF) e Renato Cozzolino (RJ).

Um "stress" tomou conta do PP no fim da tarde. O deputado Pedro Henry (PP-MT), cotado para um ministério, estava sendo acusado de colaborar com Garotinho. Irritado com a demora do presidente Lula em promover a reforma ministerial, teria sido responsável pela filiação dos deputados Alexandre Santos (RJ), Dr. Heleno (RJ) e Lino Rossi (MT) para o PMDB. Os aliados do governo afirmavam que, se isso for comprovado, Pedro Henry não será indicado para a vaga do partido no governo.

Ao mesmo tempo em que Greenhalgh buscava consolidar sua candidatura em churrascos, cafés e reuniões com representantes de diversos partidos, o deputado Severino Cavalcanti não fazia por menos. Passou o dia em contato com aliados e, ao final da tarde, disse que 34 deles, seguindo sua orientação, participaram do churrasco em homenagem ao candidato oficial do PT. "Terei 260 votos e serei eleito no primeiro turno."