Título: Analistas apostam em alta da Selic
Autor: Célia Froufe
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2005, Economia, p. B4

A reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que termina na quarta-feira, deve concentrar a atenção do mercado financeiro esta semana. Depois da ata divulgada na última reunião - interpretada como um sinal claro de que o BC continuará elevando os juros básicos para evitar um aumento da inflação -, é unânime entre analistas a aposta de alta da Selic. Dos 46 analistas consultados pela Agência Estado na sexta-feira, 43 previam um aumento de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros, para 18,75% ao ano. Os outros três analistas esperavam uma alta de apenas 0,25 ponto. Para os economistas que esperam um aumento de meio ponto, o BC nunca havia deixado tão claro sobre qual seria o seu próximo passo como na decisão do mês passado. A ata da reunião de janeiro foi, na avaliação do estrategista do ING Bank para a América Latina, Mauro Schneider, o ponto de partida para que o mercado apostasse maciçamente no aumento de meio ponto. "A ata foi muito transparente", afirmou.

"Os membros do Copom reafirmam a sua convicção de que etapas adicionais do processo em curso de ajuste na taxa de juros básica (...) deverão ser suficientes para trazer a trajetória futura da inflação para o objetivo estabelecido para a atuação da política monetária", dizia o documento. "A ata não deu margem para dúvidas e transformou a alta de 0,50 ponto em um aumento certo", disse o economista-chefe do SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa. Para o economista-chefe do ABN Amro Asset Management, Hugo Penteado, a atividade continua acelerada e o BC tem os mesmos motivos da reunião anterior para elevar a Selic. "Acho muito difícil que isso não ocorra."

Para todos os economistas consultados, tão ou mais importante que a decisão serão o comunicado a ser divulgado logo após a reunião e a ata de fevereiro, que sai na semana que vem. Os investidores analisarão esses comunicados atentamente, em busca de sinais sobre o que o BC espera para o Copom de março.

Os economistas que previram um aumento menor, de 0,25 ponto, citaram a queda do dólar e a desaceleração da atividade econômica como acontecimentos que podem levar o BC a reduzir a intensidade de alta dos juros. Para o economista-chefe da Fator Corretora, Vladimir Caramaschi, esta é a hora de começar a reduzir a magnitude dos ajustes monetários. "Se (os diretores do BC) quiserem ver sinais mais claros de desaceleração econômica, pode ser tarde demais", afirmou.

Hoje, o IBGE divulga o IPCA de janeiro, o índice oficial de inflação. A previsão da consultoria Tendências é de que fique em 0,55%. No mercado internacional, os investidores ficarão atentos ao discurso do presidente do Federal Reserve (o banco central americano), Alan Greenspan, no Congresso. O presidente do Fed tem de comparecer ao Congresso duas vezes por ano para falar das condições da economia americana e da orientação da política monetária.