Título: Fim da joint venture na área de motores e compras é desafio para filiais brasileiras
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2005, Economia, p. B10

Para o presidente da Fiat do Brasil, Cledorvino Belini, no fim da aliança com a General Motors "prevaleceu o bom senso, restabelecendo o normal relacionamento entre duas grandes empresas de respeitável passado e de grande futuro". Em nota divulgada pela filial brasileira, ele disse que o acerto "só vem fortalecer nossa disposição de, no Brasil, continuar a trajetória de sucesso que tem sido a marca da Fiat". A direção da GM no País não quis se pronunciar. A montadora é a número um em vendas no mercado brasileiro, posição alcançada pela primeira vez em 2004, e a Fiat está em segundo lugar, após três anos na liderança.

Se o divórcio representa um alívio para as duas partes - já que a GM não queria comprar a Fiat e o grupo italiano relutava em se entregar aos americanos -, o fim da joint venture nas áreas de motores e compras representará perdas para ambas. A sinergia possibilitava economia anual, para cada uma, de US$ 1 bilhão.

Em visita ao Brasil no início do mês, o presidente mundial da GM, Rick Wagoner, disse que gostaria de manter a aliança nessas áreas, independentemente do resultado da negociação sobre a opção de venda. "Para nós, valeu a pena a sinergia porque conseguimos redução de custos", disse. Segundo ele, a GM teve mais benefícios na área de motores, enquanto para a Fiat a vantagem principal foi na área de compras.

No Brasil, foi o oposto. A Fiat, por exemplo, usa o motor 1.8 da GM no Stilo. Ontem, a montadora não sabia informar se o motor continuará a ser adquirido da concorrente ou de outra empresa.

As empresas ainda não têm detalhes de como se dará o fim da joint venture no País. As duas juntas tinham capacidade para produzir 1,2 milhão de motores ao ano, além de 1 milhão de transmissões. Para analistas do mercado, o fim da parceria deve seguir as regras de um divórcio com divisão de bens: cada parte fica com a estrutura que tinha antes de 2000, e o que construíram juntas será dividido.