Título: Manutenção exige quase 1/3 da receita, diz empresa
Autor: Bárbara Souza
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2005, Metrópole, p. C1

Auto-suficiente, o Metrô de São Paulo é um dos poucos do mundo que não contam com subsídio do governo para se manter. Da receita de aproximadamente R$ 730 milhões por ano adquirida com a venda de passagens, cerca de R$ 250 milhões são destinados exclusivamente à manutenção do sistema, segundo a Assessoria de Imprensa do Metrô. Para este ano, a Companhia do Metropolitano espera captar R$ 780 milhões com bilheteria. Segundo o diretor de operações do Metrô, Décio Tambelli, o modelo de manutenção adotado pelo sistema quando foi criado era o mesmo usado pela aviação. "Hoje, ele tem vida própria e criou um padrão responsável de manutenção", diz.

Os problemas que vêm ocorrendo em seqüência desde o fim do ano passado, explica, são casos isolados ou resultado de interferência de passageiros. Um dos casos que mais chamaram a atenção é o de um adolescente de 17 anos, preso no dia 14 de janeiro, quando interferia no fechamento das portas do trem na Linha 1. Esses problemas ocorreream no mesmo período que o Metrô modificava o sistema desses equipamentos. De acordo com Tambelli, esse passageiro foi o responsável por grande parte das ocorrências até o início do ano. "Foi o maior transtorno do Metrô", diz.

Para o Sindicato dos Metroviários, as respostas não convencem. Eles insistem que os problemas são resultado do uso político do sistema e da falta de manutenção preventiva. "Além da demissão de funcionário, o Metrô hoje só repõe uma peça quando ela quebra", diz o diretor de Comunicação do sindicato, Manuel Xavier Lemos.

INTEGRAÇÃO

O Metrô nega que esse seja o procedimento adotado e afirma que vai investir nos próximos sete anos US$ 650 milhões. O plano é transformar o sistema Metrô-Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em uma rede com mais de 400 quilômetros e transportar, em 2010, cerca de 7,3 milhões de passageiros por dia. "Isso vai trazer reflexo para o trânsito. A economia de tempo vai ser de 30% em média nas viagens", diz o diretor de Planejamento e Expansão dos Transportes Metropolitanos, Renato Viegas.

A idéia, segundo ele, é que cada vez mais pessoas deixem o carro em casa e usem o transporte coletivo para deslocamentos diários. "Hoje, mesmo que gaste menos tempo, se eu tiver de ir como sardinha em lata, prefiro ir de carro, porque estou sentado. O objetivo é ter uma rede em que a opção seja pelo melhor tempo."