Título: Pesquisa acha áreas no DNA que podem levar a doenças
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2005, Vida &, p. A12

Uma equipe de cientistas deu um grande passo na busca por genes que causam doenças ao mapear as pequenas - porém poderosas - variações que formam o ser humano. Um rascunho foi apresentado ontem no encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) e é publicado hoje na revista da organização, a Science (www.sciencemag.org). Segundo o editor, Donald Kennedy, o mapa "fornecerá uma fonte inestimável para a pesquisa genética melhorar a saúde humana".

As pessoas compartilham 99,9% de seu DNA. É justamente neste 0,1% que moram as diferenças, da cor do cabelo à forma pela qual um organismo responde a determinado remédio ou sua predisposição a doenças.

O tipo de mutação genética mais comum pode ser comparado a um erro de soletração. O DNA é formado por 3,2 bilhões de bases químicas identificadas pelas letras A, T, C e G. Quando uma das letras sai da ordem, é chamado de polimorfismo de nucleotídeo único (SNP) - ou somente snip. A mudança pode significar ter uma proteína defeituosa, que leva ou não ao surgimento de doenças.

Os pesquisadores, da companhia de biotecnologia Perlegen Sciences, identificaram 1,58 milhão de snips, a maioria comum entre americanos de ascendências européia, africana e chinesa. A descoberta foi feita com base na análise do DNA de 71 pessoas.

A pesquisa genética tem se concentrado em problemas de saúde decorrentes de uma grande mutação em um único gene. Mas doenças como cardiopatias e diabetes são resultado de interações entre mais de um gene e fatores comportamentais e ambientais, quando indicar um "culpado" genético é ainda mais penoso.

CAMINHO

Os líderes do projeto, David Cox e David Hinds, não identificaram quais snips causam doenças, mas sustentam que o mapa indica qual caminho deve ser seguido dentro da pesquisa genética.

"Eles também mostram que os snips não variam de forma independente, então a tipagem poderá ser feita entre 200 mil, 300 mil snips, não entre os 1,58 milhão", diz o geneticista Sergio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Em 2005, o Projeto Internacional HapMap, que mapeia padrões de variações genéticas em 270 pessoas da Nigéria, Japão, China e Estados Unidos, deve apresentar mais resultados.