Título: Spa urbano, objeto de desejo
Autor: Simone Iwasso
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2005, Vida &, p. A14

Com um cardápio que une massagens e banhos orientais a tecnologias de última geração na área de cosméticos, os spas urbanos se multiplicaram nas grandes cidades, chegaram aos shopping centers e são hoje uma opção para quem quer sair de circulação por alguns minutos ou várias horas. Transformaram-se em objeto de desejo. Um tratamento num spa urbano virou um presente a ser dado para mães, namorados, amigos e familiares em geral. Na rotina de quem já experimentou, são locais visitados semanalmente ou todas as vezes em que o cansaço ou o stress ficam mais fortes.

Para chegarem a essa fórmula de sucesso, apostaram na criação de ambientes aconchegantes, funcionários bem treinados e profissionais especializados. E, para manter o interesse dos clientes, incorporam rapidamente novidades na área, criando programas específicos para homens, mulheres, grávidas, atletas, casais e executivos.

A diversidade fez também com que eles ficassem mais acessíveis para um público maior. Hoje, é possível encontrar programas em spas urbanos que variam de R$ 70,00 a R$ 1.000,00 dependendo da região, do tipo de tratamento e do tempo de duração. São valores mais baixos do que os cobrados pelos spas tradicionais, que além de terem um custo mais alto de manutenção, incluem a hospedagem do cliente.

Na cidade, o tratamento mais rápido, um dos tipos de banho, dura de 15 a 20 minutos. Os mais longos, que incluem refeições, chegam a oito horas. Todos eles possuem programas já prontos, que geralmente incluem um banho, uma massagem e um tratamento para a pele. "O cliente pode montar o seu pacote ou fazer uma programação já selecionada por nós, que inclui o ofurô em três temperaturas e massagens faciais e de relaxamento para os músculos", diz Mônica Fukuya Watake, gerente do spa do Hotel Emiliano. A opção de montar um programa próprio é comum em todos os outros spas.

Quem for escolher, vai encontrar uma diversidade de banhos, com aromas e ervas de todos os tipos, temperaturas diferentes e banheiras e duchas de vários formatos. Na parte estética e relaxante, massagens faciais, shiatsu, limpeza de pele e a famosa aplicação de botox convivem com tratamentos menos conhecidos, como peeling de cristais, talassoterapia, que é um tratamento com água do mar, e pedras quentes aplicadas em várias partes do corpo.

É bastante comum também que os spas misturem técnicas de massagem, aplicando-as em uma mesma sessão. Muitos enviam seus fisioterapeutas e massagistas para fazer cursos no exterior e trabalhar com técnicas exclusivas, criando um diferencial em relação à concorrência.

"Quando sinto que estou muito estressada, que preciso descansar, corro para o spa", conta a advogada Sônia Marques Dobler, cliente do spa L'Occitane, nos Jardins, na zona sul. "Gosto bastante dos banhos e de uma massagem chamada Divino Despertar dos Sentidos. Saio de lá renovada." Segundo Sônia, além da sensação de bem-estar proporcionada pelo tratamento, o ambiente e a atenção recebida dos funcionários fazem com que ela se sinta mais relaxada.

Já o advogado Camillo Sallum deixa um horário marcado todas as semanas no spa Via à Vis para sessões de shiatsu e drenagem linfática. "Marco sempre para o final do dia, porque daí saio descansado", diz. "Toda a tensão que vai se acumulando nos ombros e na nuca vai embora. Dificilmente fico uma semana sem fazer."

CONTROLE

Não há um número oficial de quantos spas urbanos existem no Brasil, mas as estimativas chegam a cerca de mil. Diante dessa variedade, os interessados devem tomar alguns cuidados básicos. Antes de marcar a consulta, é recomendável verificar se existe uma equipe médica no spa e se as terapias são aplicadas por profissionais formados e especializados.

Todo spa deve também fazer uma avaliação geral da pessoa, para verificar possíveis contra-indicações em algum tratamento. E, principalmente na área estética, os métodos invasivos, que incluem aplicações, só podem ser feitos por médicos.

"Muita gente abre uma salinha e chama de spa", diz Ala Szerman, fundadora do primeiro spa urbano na América Latina, em 1975, e presidente da Associação Brasileira de Clínicas e Spas. "Não pode ser assim. Para ser um spa de verdade precisa ter médico trabalhando e respondendo pelas terapias, precisa oferecer serviços aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e precisa fazer uma avaliação da pessoa antes de cada sessão."

A associação presidida por ela tem cadastrados todos os spas tradicionais, com hospedagem, e que começa agora a incluir os que ficam dentro das cidades. O objetivo é fornecer um selo de qualidade, atestando que o estabelecimento cumpre com os requisitos acima, além de orientar os clientes na escolha do melhor tipo de spa para suas necessidades.

Ala alerta para outro cuidado que deve ser tomado. "No Brasil, temos leis mais restritivas, e alguns spas importam vários aparelhos usados em outros países, muito caros e modernos, mas que ainda não são aprovados aqui",diz. "Nossas leis, nesse sentido, são mais cuidadosas com o cliente."