Título: Corpo achado no Paraguai é da filha de Cubas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2005, Internacional, p. A18

Médicos legistas confirmaram ontem que o corpo encontrado quarta-feira à noite em um bairro de Assunção é de Cecilia Cubas, de 31 anos, filha do ex-presidente paraguaio Raúl Cubas. Segundo os médicos, Cecilia, seqüestrada em setembro, morreu há mais de 30 dias, asfixiada. O ex-presidente chegou a pagar US$ 800 mil de resgate, mas os seqüestradores exigiram US$ 5 milhões. A polícia paraguaia deteve seis pessoas supostamente vinculadas ao seqüestro - quatro delas, "com fortes indícios de culpabilidade". O corpo de Cecilia foi encontrado em um buraco cavado no terreno de propriedade de Manuel Cristaldo Mieres, um militante do movimento de extrema esquerda Partido Pátria Livre (PPL). O cadáver tinha a boca e o nariz cobertos por fita adesiva - o que teria causado a morte da refém por asfixia. O corpo só pôde ser identificado pela arcada dentária.

Cubas assumiu a presidência do Paraguai em 1998, depois de ter vencido as eleições pelo partido do ex-general Lino Oviedo. Em 1999, Oviedo foi acusado de ter ordenado o assassinato do vice-presidente Luis María Arga¿a e a violenta repressão de seus correligionários nas manifestações que se seguiram. Sob pressão, Cubas renunciou, partindo para o exílio em Balneário Camboriú (SC), onde tinha um apartamento. Ele voltou ao Paraguai mais tarde, onde cumpriu pena por reprimir os manifestantes pró-Arga¿a.

O presidente paraguaio, Nicanor Duarte, prometeu punição exemplar para "o bando de criminosos que cometeu essa ação brutal sob a roupagem de movimento político". "Sabemos quem são, o que pretendem e não descansaremos até que extirpemos esse câncer."

A Procuradoria-Geral do Paraguai acredita que os seqüestradores de Cecilia receberam treinamento da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para realizar seqüestros no Paraguai.

A Colômbia manifestou ontem seu pesar e se declarou disposta a extraditar Rodrigo Granda, "chanceler" das Farc, caso seja comprovado seu vínculo com os líderes do PPL, como Osmar Martínez, preso como principal suspeito do crime. Granda foi capturado em Caracas, em dezembro, e se tornou o pivô da pior crise diplomática entre a Colômbia e a Venezuela nas últimas décadas.