Título: Auto-serviço tem salários defasados, diz pesquisa
Autor: Vera Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2005, Economia, p. B3

O varejo de auto-serviço é hoje o que paga o menor salário médio a seus empregados quando comparado a outros 15 setores da economia brasileira. Mas por causa do aumento da concorrência no mercado começa a ser obrigado a se profissionalizar e a investir em novas formas de gestão e remuneração de pessoal. "O principal custo no auto-serviço é a mão-de-obra, que representa 70% das despesas do varejista. Porém com a crescente concorrência entre as empresas, o varejo tem de se equilibrar entre o corte de custos e o investimento em mão-de-obra mais qualificada", diz o diretor da revista Supermercado Moderno, Robert Macody Lund, com base numa pesquisa sobre salários no varejo, realizada em parceria com a consultoria Hay Group. O levantamento foi feito com 25 empresas de auto-serviço (supermercados, locadoras, fast food e vestuário) com faturamentos anuais acima de R$ 100 milhões.

Em 2004, revela a pesquisa, somados salários, incentivos e benefícios, a remuneração do varejo ficou 29% abaixo da média do mercado pesquisado, formado por 150 empresas de 15 setores, entre eles farmacêutico, petroquímico, máquinas e equipamentos e papel e celulose.

A defasagem pode ser explicada, diz Lund, pelo peso dos cargos pouco qualificados. "A maioria da mão-de-obra é de caixas, repositores e seguranças, que estão em faixas salariais baixas." O varejo também foi o setor com menor crescimento entre os pesquisados. O total em dinheiro pago aos funcionários cresceu 11% em 2004 ante 14% em média, nos demais. As diferenças regionais de salários permanecem marcantes. O salário médio (remuneração fixa e variável) na capital é 22% acima da média nacional.

"Mas apesar deste quadro negativo já começa a se notar a preocupação das empresas em reter pessoas qualificadas", diz Lund. Entre as empresas pesquisadas, 83% revelaram que estão dando a seus empregados benefícios como bônus e participação nos lucros e resultados. Em 2003, o porcentual de empresas que ofereciam estes benefícios era de 75%.

Outros números mostram a mudança de atitude do varejo em relação a novos programas de gestão de recursos humanos. Entre as entrevistadas, por exemplo,o porcentual das empresas que declaram adotar políticas de aumentos salariais individuais subiu de 58% em 2003 para 86% em 2004. O número de empresas que aplicam modelos mais seletivos para analisar o potencial de candidatos a vagas subiu de 8% em 2003 para 63% no ano passado. Entre as entrevistadas, 40% realizavam pesquisas de clima organizacional em 2003 e 78% em 2004.