Título: Bancos lucram R$ 6,15 bi e superam expectativa
Autor: Silvia Fregoni, Ana Paula Ragazzi, Priscilla Murph
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2005, Economia, p. B7

O resultado dos bancos em 2004 superou as expectativas do mercado. Levantamento da consultoria Austin Rating, mostra que o lucro líquido das 21 instituições financeiras, que já apresentaram balanço, cresceu 22,4% no ano passado em relação a 2003, saltando de R$ 5,028 bilhões para R$ 6,157 bilhões. A rentabilidade subiu de 17,8% para 19,2% e o índice de eficiência, de 50,6% para 54,2%. Segundo o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, o resultados é fruto, especialmente, de três importantes fatores. O primeiro deles foi a retomada de alta da Selic, a partir de setembro, que elevou a remuneração dos títulos públicos federais - uma das principais aplicações dos bancos. O spread - diferença entre o custo de captação do dinheiro e o que é emprestado para a população - também teve importante participação no ganho das instituições.

Outro fator, completa Rodrigues, é o constante avanço das receitas de prestação de serviço. Em 2004, o crescimento foi de 22%, subindo de R$ 8,301 bilhões para R$ 10,127 bilhões. O executivo destaca ainda que apenas essas receitas já respondem por 110% da folha de pagamento dos bancos. Ou seja, o faturamento decorrente dos serviços prestados cobre todos os salários dos funcionários e ainda sobra dinheiro. Além disso, as receitas de serviços representam 15% do total das receitas operacionais. Em 1994, afirma Rodrigues, esse número era de 3,8%.

"Foi essa conjunção de fatores que proporcionou aos bancos lucros tão robustos. Para este ano, o mercado pode esperar o mesmo desempenho", argumenta o presidente da Austin Rating. A expectativa é que os ganhos sejam, pelo menos, 20% superiores aos de 2004.

EMPRÉSTIMOS

A carteira de crédito dos bancos ficou abaixo da previsão do mercado: cresceu 14,7%, ante uma estimativa de 20% no ano. O total de empréstimos e financiamentos somou R$ 132,661 bilhões no ano passado. As receitas de crédito, subiram de R$ 27,050 bilhões para R$ 28,177 bilhões - alta de apenas 4,2%.

Apesar do aumento do crédito para pessoa física e micro, pequenas e médias empresas, as grandes companhias optaram por outras formas de crédito. Boa parte delas recorreu ao mercado de capitais para se financiar. Para este ano, no entanto, a expectativa de crescimento é de 18%, segundo a Austin Rating.

Outro fator que teve importante participação nos lucros foi a queda das provisão para devedores duvidosos. No ano passado, essas despesas caíram para R$ 3,876 bilhões - recuo de 14,5% em relação a 2003. Rodrigues explica que as incertezas do início do governo Lula levaram os bancos a fazerem provisões altas para se precaverem de possíveis crises. Como a turbulência passou e os temores não se confirmaram, os bancos puderam reduzir os valores no ano passado.