Título: Na abertura, de ritual indígena a show de rock
Autor: VERA ROSA
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2005, Nacional, p. A4

Do Ritual de Proteção ao Fogo Sagrado, a cargo dos pajés guaranis, caingangues e xoclengues, às 6 horas, ao show com artistas de cinco continentes, às 20 horas, o dia da abertura do 5.º Fórum Social Mundial, hoje, será todo festivo, antecipando uma maratona de 2 mil debates e 400 atividades culturais prevista para começar amanhã e prosseguir até a próxima segunda-feira. Na terça-feira, o encerramento será novamente uma festa. O grande momento da abertura será, como sempre, o Desfile Pela Paz. A partir das 18 horas, milhares de pessoas, representando organizações não-governamentais de todo o mundo, exibem suas lutas com trajes típicos, faixas e fantasias. O grupo australiano Snuff Puppets promete levar bonecos gigantes, com 4,5 metros de altura, à parada. O percurso começa no Largo Glênio Peres, no centro, e vai até o anfiteatro Pôr-do-Sol, à beira do Lago Guaíba. Lá será a vez de artistas como o brasileiro Gilberto Gil, o haitiano Luck Mervil e o franco-espanhol Manu Chao, além dos grupos QBeta (Sicília), Ma'Afrika (Uganda), Rock Platino (Argentina) e La Phaze (França). Não há previsão de pronunciamentos em nenhuma atividade do primeiro dia do evento.

Ao contrário das edições anteriores, quando foi realizado no campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, o Fórum deste ano ocupa espaço numa área de 400 hectares, à margem do Lago Guaíba, entre o centro da cidade e o ginásio Gigantinho, na Zona Sul, batizado de Território Social Mundial. Para abrigar as atividades foram construídas 295 tendas e 205 salas com 50, 100, 200, 600 e 1.000 lugares. Espalhados pelo território estão 700 computadores, mil pontos de acesso à internet, 30 cybercafés e 11 centrais de informação. Os organizadores esperam a presença de 120 mil participantes. As inscrições ainda estão abertas e podem ser feitas até o início das atividades que tiverem vagas disponíveis. Até o final da tarde de ontem havia 78 mil inscritos.

O custo de R$ 14 milhões do Fórum será coberto por contribuições em dinheiro e serviços do governo estadual (R$ 1,8 milhão), prefeitura de Porto Alegre (R$ 2 milhões), empresas estatais (R$ 4,9 milhões), entidades de cooperação internacional (R$ 4,3 milhões) e inscrições (R$ 1 milhão). A prefeitura e o sindicato dos hoteleiros estimam que os visitantes vão deixar R$ 134 milhões na cidade.

A metodologia do evento também mudou. Em vez de grandes temas escolhidos pelos organizadores, todas as atividades foram inscritas por mais de 5,7 mil organizações de todo o mundo, sem interferência do Comitê Internacional.