Título: ProUni ainda tem 4.935 bolsas ociosas
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2005, Nacional, p. A10

Ao anunciar ontem os resultados finais do Programa Universidade para Todos (ProUni), o Ministério da Educação revelou que, ao lado de um grande número de candidatos não-selecionados, ainda ficaram 4.939 vagas ociosas. "Isso ocorreu", explicou o ministro Tarso Genro, "porque as vagas oferecidas eram de cursos que não interessavam aos candidatos ou de escolas que ficam em locais distantes da residência do estudante". Esse número conflita com a informação anterior, de que na fase dois de seleção do ProUni havia menos de 4.000 vagas. O MEC admitiu a falha na divulgação dessas contas, informando que a sobra total, naquela etapa, era de 22.530 vagas, e não apenas de 16.575. Ao fim de três etapas de inscrições, o ProUni selecionou - segundo o MEC - 107 mil candidatos. Eles têm até 11 de fevereiro para se apresentar às universidades e comprovar os dados informados durante a inscrição. Outros 109 mil ficaram de fora, apesar de terem apresentado média do Enem superior aos 45 pontos exigidos. "Isso demonstra a necessidade de ampliação da oferta de bolsas no ensino superior", afirmou o ministro.

Tarso divulgou outro número que considerou importante: que, entre os alunos inscritos no ProUni que vieram de escolas públicas, a nota média obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é 13% lsuperior à média dos alunos que prestaram o Enem vindos de escolas particulares (sempre no ensino superior). "Os dados não só desmentem preconceitos arraigados contra estudantes da rede pública como demonstram o sucesso da política de cotas", resumiu. A média nacional do Enem obtida por estudantes da rede privada é de 54 pontos. A dos estudantes bolsistas do ProUni, 61 pontos. O ministro acrescentou que "'ao contrário do que diziam preconceituosos, o ProUni vai ajudar a aumentar o nível da universidade".

O secretário-executivo do ministério, Fernando Haddad, disse também que algumas escolas ofereceram um número de bolsas superior ao que era exigido em lei. Mas bolsas ofertadas para cursos tradicionais, como direito, medicina e odontologia, foram todas preenchidas.

O Ministério da Educação não fará nova chamada para vagas ociosas. "Em vez de uma nova etapa, o preenchimento dessas vagas ficará a cargo de cada instituição, sempre seguindo os critérios da lei", disse Tarso. O ProUni fará nova seleção no segundo semestre.

Agora, o MEC deve concentrar-se na tarefa de providenciar uma bolsa-auxílio, para que estudantes selecionados não tenham de interromper o curso por falta de recursos. Terão atenção maior os alunos de cursos integrais, como medicina. Pelos cálculos de Haddad, seriam necessários R$ 15 milhões para ajudar 4 mil bolsistas de turno integral. Para atender a todos os alunos de baixíssima renda - do ProUni e estudantes de universidades públicas - seriam necessários R$ 100 milhões.