Título: 'Estamos preparados para trégua', diz líder do Hamas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2005, Internacional, p. A18

O grupo islâmico Hamas está preparado para aceitar uma trégua temporária com Israel, sob a condição de que o governo israelense pare de atacar os militantes e liberte os prisioneiros palestinos, declarou ontem em Beirute o líder do escritório político do grupo, Khaled Meshal. Depois do assassinato por Israel do líder espiritual e fundador do Hamas, Xeque Ahmed Yassin, no ano passado, Meshal é visto como o dirigente máximo do grupo, embora oficialmente o Hamas não tenha indicado o nome de seus novos dirigentes para evitar que sejam alvos de Israel.

Meshal vivia até o ano passado na Síria, sob forte esquema de segurança, pois agentes israelenses já tentaram matá-lo. Segundo a Associated Press, ele deu entrevista por telefone celular, de um local não revelado.

"Este é um momento de teste, que dá à comunidade internacional e aos EUA a responsabilidade de forçarem Israel a reconhecer os direitos palestinos", disse Meshal. "Se o inimigo sionista aceita certas condições, como a libertação de todos os prisioneiros e o fim de todos os ataques, assassinatos e agressões contra nosso povo, a posição nacional de todas as facções palestinas é que estão prontas para lidar com a idéia de uma trégua temporária."

Em outra entrevista, ao diário árabe internacional Al-Hayat, Meshal afirmou que o Hamas está disposto a ingressar na Organização de Libertação da Palestina (OLP), entidade que reúne vários agrupamentos políticos palestinos, e é liderada pela Fatah, a facção do novo presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas. No entanto, ao contrário da OLP, o Hamas não reconhece a existência de Israel,

Desde sua posse, no dia 16, Abbas vem mantendo conversações com as várias facções para obter seu compromisso de pôr fim aos ataques contra israelenses, passo prévio para a retomada das negociações de paz. Altos funcionários palestinos disseram, porém, na segunda-feira que Abbas só declarará a trégua depois que obtiver garantias de Israel de que interromperá suas operações militares nos territórios ocupados. Mas eles não fizeram menção da libertação de todos os presos como condição prévia.

Ontem, chefes de segurança palestinos e generais israelenses chegaram a um acordo para o deslocamento de forças da AP para áreas no sul e centro do território. Um funcionário palestino disse que a movimentação ocorrerá amanhã. Na semana passada 2 mil policiais palestinos foram alocados para o norte da Faixa de Gaza, na fronteira com Israel, para impedir que militantes usem a área para lançar foguetes contra cidades israelenses.