Título: Comércio mundial vai aumentar 8%
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2005, Economia, p. B6

A ONU prevê que o comércio mundial irá crescer 8% em 2005. A taxa é inferior ao desempenho de 2004, quando o intercâmbio comercial teve um aumento de 10,6%. A queda segue a tendência do desempenho do PIB mundial, que terá seu crescimento desacelerado em 2005 em comparação com o ano anterior. Na América Latina, que pela primeira vez em 50 anos registrou 2 anos consecutivos de superávit comercial, o aumento nas exportações pode não seguir o ritmo de 2004, ainda que a balança comercial continue positiva. Em valor, as vendas haviam crescido 21,5% no ano passado. Para 2005, a perspectiva é de um aumento de 7,3%, ante um aumento das importações de 10,6%. Em volume, a queda também será sentida. A região, que teve um aumento das exportações de 10,6% em 2004, poderá ter um crescimento de apenas 4,9%. As importações, em volume, teriam um aumento de 7,9% em 2005.

A queda modesta do ritmo de crescimento do comércio mundial afetaria até mesmo os chineses. Em 2004, Pequim aumentou suas exportações em 32% e, neste ano, o crescimento será de 19,5%. Já as importações crescerão 22,5% e, pela primeira vez desde a abertura de sua economia, o país registrará déficit na balança comercial.

A ONU reconhece que o comércio dos países emergentes ganhou força em 2004 em parte por causa da alta das commodities. Suas cotações tiveram um aumento de 10% em 2004, embora a média das commodities ainda esteja 25% abaixo do nível dos anos 80.

Para 2005, um dos produtos que podem voltar a ter aumento é o cacau, em razão dos conflitos na Costa do Marfim, um importante produtor. O Brasil ainda pode se beneficiar com o açúcar, que já teve um aumento de preço de 34% em 2004. A ONU prevê uma queda de 2,8 milhões de toneladas na oferta do produto no mercado, por conta dos problemas climáticos na China e Índia. Mas essa vantagem poderá ser anulada, se o Brasil inundar o mercado com o produto.

Os novos investimentos para a produção do algodão no Brasil, China e mesmo nos Estados Unidos poderiam fazer o preço internacional do produto cair. A ONU assinala que os investimentos diretos voltaram a crescer em 48% para os países emergentes em 2004, depois de 3 anos de queda. O Brasil, com US$ 16 bilhões, foi o décimo maior receptor.