Título: ONU quer as múltis no combate à fome
Autor: Rolf Kuntz
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2005, Economia, p. B9

Enquanto o presidente Lula aproveitará sua passagem pelo Fórum Econômico de Davos para voltar a insistir na necessidade de mecanismos internacionais para combater a fome, o principal responsável da ONU para a alimentação adotará uma estratégia bem diferente. James Morris, diretor do Programa Mundial de Alimentação, decidiu evitar as reuniões com os governos este ano e quer se reunir diretamente com as maiores multinacionais do mundo para pedir a ajuda delas. Morris, que nunca se declarou favorável à proposta de um fundo internacional para combater a fome, teria tido a idéia de apelar diretamente às empresas depois da experiência da ONU no caso dos tsunamis, na Ásia. As companhias destinaram 20% dos US$ 256 milhões coletados pelas Nações Unidas para a distribuição de alimentos nas zonas afetadas pelo maremoto.

Segundo o Programa Mundial de Alimentação, essa participação de empresas foi a maior já registrada na história dos apelos financeiros da ONU. No total, as 500 maiores empresas do mundo destinaram mais de US$ 100 milhões aos locais devastados, incluindo medicamentos, materiais de socorro e outros bens.

Em Davos, Morris quer saber o que cada empresa poderá oferecer também em ajuda técnica, como a utilização de suas infra-estruturas para o transporte e armazenamento dos alimentos. No caso dos tsunamis, a ONU praticamente dependeu da empresa TNT, especializada em logística, para fazer chegar os alimentos a algumas regiões afetadas. Só na região de Aceh, na Indonésia, a empresa teria emprestado à ONU cem caminhões, helicópteros e armazéns.