Título: Países de rede antiaids listam interesses comuns
Autor: Karine Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2005, Vida &, p. A14

Os sete países que integram a Rede Internacional de Cooperação Tecnológica em HIV/Aids encerraram ontem seu primeiro encontro, identificando os possíveis acordos nas áreas de vacinas, medicamentos, kits diagnóstico e preservativos. Formado por Brasil, China, Cuba, Nigéria, Rússia, Tailândia e Ucrânia, o grupo deu mostras da pressão que pretende exercer ao decidir enviar para a Organização Mundial da Saúde (OMS) propostas de mudanças nos sistemas de pré-qualificação de medicamentos anti-retrovirais e de patentes, considerados entraves à ampliação do acesso ao tratamento de soropositivos. O Brasil, mentor da iniciativa, vai ocupar a secretaria provisória da rede até a regulamentação das normas de funcionamento junto aos ministérios das Relações Exteriores de cada país, o que deve acontecer até maio, quando será realizada a Assembléia Mundial da Saúde, em Genebra. Segundo dados oficiais dos governos participantes, o grupo representa quase 5 milhões de soropositivos, sendo a maioria, 3,5 milhões, formada por nigerianos.

"O consenso alcançado dá uma idéia do potencial que nos une. Podemos fazer a diferença e dar uma lição para o mundo de que é possível estabelecer uma alternativa solidária para resolver o problema da epidemia", afirmou a coordenadora de Pesquisa e Tecnologia do Programa Nacional de DST/Aids, do Ministério da Saúde, Cristina Possas.

Chefe da Unidade de Cooperação Externa do programa, Mariângela Simão informou que os acordos de cooperação técnica serão iniciados imediatamente. "Identificamos quais as necessidades e as áreas de interesse de cada país (veja no quadro acima), criando um quadro provisório sobre as transferências de tecnologia", disse, ressaltando que as parcerias são entre os governos, mas deixando em aberta a possibilidade da entrada do setor privado.

O Brasil, por exemplo, deve buscar a tecnologia que China e Rússia detêm na síntese de princípios ativos (sais) de anti-retrovirais. Tem ainda interesse na áreas de pesquisa básica e de controle de qualidade de preservativos da Tailândia e nos processamento de testes Wester Blot, Elisa (filtro de papel) e de CD4 desenvolvidos por Cuba.

A Índia, que tem tecnologia para processamento de sais para medicamentos antiaids, é um parceiro potencial do grupo. A representante indiana, Sadhana Rout, acompanhou o encontro como observadora e revelou ter ficado impressionada. "Isso é muito importante", disse, sem oficializar a entrada na rede. Para o governo brasileiro, porém, isso não deve demorar a acontecer.