Título: País economiza R$ 81 bi e bate recorde
Autor: Sheila D'Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2005, Economia, p. B1

O controle do governo sobre os gastos públicos resultou numa economia recorde de R$ 81,1 bilhões no ano passado, o equivalente a 4,61% da produção nacional medida pelo Produto Interno Bruto (PIB). Este superávit primário (saldo entre as receitas menos as despesas, excluindo o pagamento de juros), é o melhor registrado pelo Brasil em um ano desde 1994. Na época, o governo estava iniciando um programa de controle da inflação e conseguiu economizar, juntamente com Estados, municípios e empresas estatais, o correspondente a 5,4% do PIB. O ganho financeiro obtido em 2004 supera em R$ 9,6 bilhões a meta acertada com o Fundo Monetário Internacional (FMI), equivalente a 4,25% do PIB. O número também é maior que os R$ 79,2 bilhões que a equipe econômica fixou em setembro como objetivo no ano - 4,5% do PIB.

O superávit realizado em 2004 é nove vezes maior do que os R$ 9,1 bilhões que foram desembolsados pelo Tesouro Nacional para investimentos públicos, como por exemplo a construção de escolas, hospitais e reformas de estradas, entre outros investimentos.

Apesar de ter contribuído para quitar uma parcela maior dos juros da dívida pública, essa economia não foi suficiente para pagar toda a despesa. Mesmo contando com fatores favoráveis, como a valorização do real em relação ao dólar e uma taxa média de juros de 16,25% ao ano, ante os 23,35% ao ano em 2003, as despesas totais com juros somaram R$ 128,3 bilhões. O resultado foi um déficit nominal (receitas menos despesas) do setor público de R$ 47,144 bilhões.

Por outro lado, este valor corresponde a 2,68% do PIB, o menor desde o início da série histórica do Banco Central em 1991. Esse porcentual está abaixo dos 3% de déficit nominal usado como parâmetro para ingresso na Comunidade Européia.