Título: Acerto de dívidas foi recorde em 2004
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2005, Economia, p. B4

Para cada grupo de dez brasileiros que foram incluídos na lista de maus pagadores da Serasa em 2004, outros oito conseguiram quitar ou renegociar dívidas e limpar o seu nome. Foi o melhor resultado desde o início do Plano Real, em 1994. De janeiro a dezembro do ano passado, 10,2 milhões de pessoas conseguiram regularizar pendências financeiras referentes a cheques sem fundos, não-pagamento de carnês ou cartão de crédito, calotes em financiamentos bancários e títulos protestados. Este número corresponde a 80,2% dos registros de novos devedores, que somaram 12,75 milhões no período. O recorde anterior havia sido alcançado em 2003, quando essa proporção foi de 73%.

"Essas baixas foram muito favorecidas pelo ambiente econômico que vigorou em 2004", diz Laércio de Oliveira Pinto, diretor da Serasa.

A melhora do nível da atividade econômica abriu novos postos de trabalho, reduziu o desemprego e aumentou a massa salarial. Além disso, o consumidor pôde regularizar suas pendências financeiras trocando dívidas caras por mais baratas. Bancos oferecem empréstimos com desconto em folha de pagamento com taxas de 1,5% a 3,5% ao mês, bem abaixo dos juros dos títulos já vencidos.

Apesar do aumento recorde de baixas em 2004, o número de consumidores no cadastro de inadimplentes da Serasa cresceu para 23 milhões - 2,5 milhões a mais do que em 2003.

O levantamento mostrou que a maioria das anotações no cadastro de inadimplência é de cheques sem fundos. Mas a composição tem se alterado nos últimos cinco anos. A participação dos cheques sem fundos, que em 2000 era de 48% das anotações, caiu para 35%. A fatia das pendências com cartões de crédito subiu de 24% para 32% e a das dívidas no sistema financeiro saltaram de 16% para 28%.